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Nas Europeias, os partidos vão ter concorrência de uma 'Lista Sombra': “Nós não nos candidatámos, mas se pudéssemos, acho que ganhávamos”

Gonçalo Osório de Castro, Maria Luísa Moreira e Guilherme Lidon Guerra criaram a 'Lista Sombra', um microprojeto que vai simular uma lista candidata às eleições europeias
Gonçalo Osório de Castro, Maria Luísa Moreira e Guilherme Lidon Guerra criaram a 'Lista Sombra', um microprojeto que vai simular uma lista candidata às eleições europeias
Lista Sombra

A Lista Sombra vai simular uma lista candidata às eleições europeias. Promete “um discurso intergeracional” e “um programa eleitoral tangível e eficaz”. Idealizada por três jovens, a lista vai fazer uma campanha eleitoral longe das camisolas partidárias para mostrar que a política também se pode fazer em independência

Nas Europeias, os partidos vão ter concorrência de uma 'Lista Sombra': “Nós não nos candidatámos, mas se pudéssemos, acho que ganhávamos”

Eunice Parreira

Jornalista

Este ano, na campanha para as eleições europeias, os partidos vão ter a companhia de uma ‘Lista Sombra’. O microprojeto promete mostrar que os jovens são capazes de pensar em propostas para desenvolver a União Europeia (UE). Querem manter a independência e mostrar que a política acontece fora dos partidos. E é também por este motivo que não vão estar no boletim de voto para poder concorrer às eleições é preciso estar associado a uma força política. “Nós não nos candidatámos, mas se pudéssemos, acho que ganhávamos”, afirma um dos fundadores do projeto, Gonçalo Osório de Castro.

A ideia de simular uma lista candidata às eleições surgiu, de forma natural, a Gonçalo Osório de Castro, Guilherme Lidon Guerra e Maria Luísa Moreira. Prepararam o projeto em uma semana e decidiram candidatar-se ao concurso de bolsas para jovens artistas, ativistas e criadores, promovido pelo Festival Política e pelo Instituto Português do Desporto e Juventude. A ‘Lista Sombra’ foi eleita a ideia vencedora e o grupo ganhou a bolsa, o que concede alguma ajuda monetária na preparação da campanha. Vão apostar no digital com publicações no Instagram, entrevistas e podcasts.

Não é preciso estar preso a um partido político para fazer política”, explica Gonçalo, presidente da Associação Académica de Ciências Económicas e Políticas (AACEP) e estudante do mestrado em Economia Internacional e Estudos Europeus no ISEG. A independência é um dos estandartes desta lista, mas é precisamente esta vontade em não constituir ou pertencer a um partido que impede a candidatura às eleições. No entanto, os jovens garantem que, mesmo ausente do boletim de voto, a ‘Lista Sombra’ vai comportar-se como um candidato formal.

“Não é por não termos uma t-shirt partidária que as ideias são menos válidas. Se calhar até são mais válidas porque temos mais liberdade para dizer o que pensamos”, explica Maria Luísa Moreira, secretária-Geral da WIIS Portugal (Women In International Security) e fundadora do projeto ‘The Gender Diplomat’, uma newsletter sobre política, género e carreira no domínio da segurança internacional e do desenvolvimento sustentável. Relembra que só uma minoria da população está filiada em partidos políticos e que quem seja apartidário consegue ter mais flexibilidade em atingir um compromisso. “Os partidos são muito pouco flexíveis e eu não sei se o futuro da democracia passa por ser tão rígido”, admite.

Gonçalo, Guilherme e Maria Luísa consideram-se inconformados com a política nacional e europeia. Foi deste sentimento e da vontade em mostrar que os jovens são capazes de pensar além da juventude que nasceu o projeto. “Nós não somos uma geração à parte, somos uma geração que está na rua, uma geração que está a começar a sua vida ativa. Portanto, somos como as gerações que vêm antes de nós, temos os mesmos direitos e os mesmos deveres. Como temos os mesmos deveres, devemos apresentar soluções e não apenas pedir soluções”, explica Guilherme Lidon Guerra, cofundador e vice-presidente da AAECP e estudante de mestrado na NOVA SBE em Desenvolvimento Internacional e Política Pública.

A ‘Lista Sombra’ quer também aumentar a literacia sobre a UE e aproximar as políticas europeias dos cidadãos comuns. “A abstenção [nas eleições europeias] é gigantesca e acho que se deve muito ao desinteresse. Aquilo que nós não conhecemos é desinteressante, e a verdade é essa: se eu não conhecer e aquilo for tudo muito complicado, eu mais depressa fico no sofá do que vou votar”, afirma Maria Luísa.

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