Gorda, mas bonitinha

Quando fazia os turnos da manhã, saía na estação do Rossio, comia um rissol ou uma coxa de frango no Beira Gare, bebia um traçadinho como se fosse um velho e, de mochila à tiracolo, vagueava sem destino pela Baixa, a fazer tempo. Se tinha dinheiro ia ao animatógrafo para três minutos solitários numa cabine a ver pornografia de leste, ex-ginastas de farta pentelheira, mangalhos hirtos e sobredimensionados como estátuas soviéticas, e tal era a impressão que as imagens lhe provocavam que muitas vezes o tempo esgotava-se sem que se tivesse masturbado. Para que o prejuízo não fosse total, tirava uns três lenços de papel do dispensador e guardava-os no bolso para o caso de ter de se assoar.

Para continuar a ler o artigo, clique AQUI
(acesso gratuito: basta usar o código que está na capa da revista E do Expresso. Pode usar a app do Expresso - iOS e Android - para descarregar as edições para leitura offline)