A manhã começou invernosa em Cascais, com o forte vento de Oeste a agitar o mar junto à Cidadela de Cascais. Também os ventos políticos de Oeste, vindos dos Estados Unidos, agitam sobremaneira o planeta. O tema aterrou forte nos VI Encontros de Cascais, e dominou-os de forma quase transversal.
O mundo pós-eleições americanas e os seus efeitos em Portugal eram o primeiro tema de discussão.
Depois de hora e meia de intervenções, perguntas e debate, a tónica não foi de todo em todo otimista. Quanto muito “realista/céptica”. Aqui e ali salpicada pela interrogação deixada de se perceber até que ponto é que o resultado das eleições americanas pode significar uma oportunidade (ou wake up call) para a Europa… e até para Portugal.
Começámos por olhar para o que se passou a 5 de novembro.
Grande vitória de Trump. Ganhou tudo o que havia para ganhar: A eleição, o voto popular, o Senado, a Câmara dos Representantes. E conta com maioria clara no Supremo Tribunal. Tem, portanto, caminho livre para aplicar a sua política. Grande vitória também do discurso populista e grande derrota do discurso woke. Uma grande derrota ainda para Kamala Harris. E uma grande vitória do unilateralismo e do transacionismo (“a lógica de Trump é sempre a mesma: o que é que eu ganho com isso?”) Ao mesmo tempo, foi uma vitória da democracia formal, com resultados aceites e uma transição suave. Mas foi também uma derrota da qualidade da democracia e da decência na política.
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