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O caminho de Delors: da adolescência na II Guerra Mundial ao sonho de uma Europa unida e em paz

O caminho de Delors: da adolescência na II Guerra Mundial ao sonho de uma Europa unida e em paz
Langevin Jacques

Foi o presidente da Comissão Europeia que mais tempo esteve no cargo e aquele que lançou as bases da União que hoje conhecemos. Viveu a II Guerra Mundial, assistiu à queda do Muro de Berlim e ao lado de Helmut Khol gizou a reunificação da Alemanha. O Senhor Europa morreu a 27 de dezembro, na sua casa em Paris, enquanto dormia. Poderia ter sido Presidente de França mas recusou candidatar-se. É recordado como um bom amigo de Portugal

Era um homem discreto, um socialista convicto, um católico praticante que ia à missa aos domingos, um adolescente que descobriu o valor da paz quando viu a Paris, onde nascera em 1925, ser ocupada pelas tropas nazis quando ele tinha 14 anos, um defensor de uma Europa pacificada e alargada, um presidente da Comissão Europeia que muitos dizem ter sido o melhor de todos, um pai a quem uma leucemia roubou um filho de 29 anos, um político que recusou candidatar-se à presidência francesa sabendo que poderia ser eleito, em 1995, para não ter de mentir aos que o apoiavam: “Como a democracia está em crise, não queria acrescentar uma mentira às mentiras já ditas”.

Este homem reservado, que gostava de ter um copo de vinho tinto perto de si no decurso de algumas reuniões políticas, chamava-se Jacques Delors e conquistou o cognome de Senhor Europa. Morreu esta quarta-feira de manhã, na sua casa em Paris, enquanto dormia. A notícia foi comunicada por Martine Aubry, sua filha.

Um político que sabia ouvir

Delors era um político “fascinante” que pensava e deixava os outros pensarem. “Tinha uma metodologia de trabalho notável” disse ao Expresso João de Deus Pinheiro, o segundo comissário europeu português. “Antes de cada etapa importante da construção europeia, reunia um grupo de figuras destacadas de vários países num hotel e ouvia o que pensavam sobre o alargamento, a moeda única, o tema que estava em discussão de momento. No final dessa ronda de diálogo e debate o seu chefe de Gabinete, Pascal Lamy, elaborava um documento síntese que lhe entregava. Depois, Delors partilhava esse documento com os comissários com pelouros mais políticos, que se pronunciavam. Em paralelo, ia sondando chefes de Estado e de Governo para que fosse possível chegar a uma decisão final”, que permitisse tomar decisões e avançar na construção do projeto europeu.

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