Se o ditado diz que até ao lavar dos cestos é vindima, Bernardo Arévalo, o novo Presidente eleito da Guatemala, é a prova disso. Em junho, antes da primeira volta das eleições gerais no seu país, as sondagens atribuíam-lhe o oitavo lugar na corrida presidencial. Passou à segunda volta, para grande surpresa de observadores e dos favoritos Zury Rios, Edmond Mulet e Sandra Torres, a candidata do sistema (com quem disputou a corrida final), garantindo que tanto ele como o Movimento Semilla (semente) estavam ali para vencer eleições e não sondagens.
A afirmação cumpriu-se este domingo. Arévalo foi eleito com uma margem de 21% sobre a rival Torres: 58% dos votos para Arévalo contra 37% da ex-primeira-dama, que em 2011 se divorciou do então Presidente Álvaro Colom [já falecido] para se candidatar pela primeira vez ao cargo e participou nesta corrida pela terceira vez.
Dois dias antes de ser eleito chefe de Estado, o filho do primeiro Presidente eleito pelo voto popular na Guatemala disse ao jornal “El País”: “Vamos baixar o salário presidencial, absurdo neste país. Temos um plano e uma transição de seis meses, que vai ocupar-se a criar os planos operacionais detalhados para garantir que estamos aqui para pôr as instituições a trabalhar”.
Os cravos vermelhos empunhados pelo Presidente eleito e pela vice-presidente, Karin Herrera, são um símbolo de resistência e homenagem à memória do estudante Robín Garcia, assassinado em 1977, durante um período de grande repressão no país.
A Guatemala é o país com maior área de produção de flores ornamentais na América Central. Se as rosas ocupam o primeiro lugar das exportações neste sector, os cravos vermelhos são um símbolo de resistência.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mgoucha@expresso.impresa.pt