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Luís Correia: "Ninguém provou que prejudiquei o erário público"

Luís Correia, em frente à Câmara Municipal de Castelo Branco
Luís Correia, em frente à Câmara Municipal de Castelo Branco
Nuno Botelho
Dentro de um mês, o Tribunal Constitucional irá decidir se Luís Correia, presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, vai perder o mandato. O socialista é acusado de favorecimento de familiares em três contratos adjudicados, entre 2014 e 2016, à sociedade Strualbi no valor de 180 mil euros. A empresa de alumínios é detida pelo pai, sogro, um tio da esposa – a deputada do PS, Hortense Martins -, e mais duas pessoas. Ao Expresso, na primeira entrevista desde que o processo foi conhecido, o autarca garante que nunca teve “intenção” de favorecer o pai, Alfredo Correia, e afirma que este nunca de lá tirou “um ordenado”. Então, qual o propósito de estar ligado a uma empresa durante 38 anos? “Pergunte-lhe a ele. Eu não sei”
Luís Correia: "Ninguém provou que prejudiquei o erário público"

Fábio Monteiro

Jornalista

Apelou ao coletivo, mas está em risco de perder o mandato se a decisão do Tribunal Constitucional, conhecida esta semana, for confirmada. Foi vereador deste município entre 1998 e 2013. Desde então, ocupa o lugar de presidente. Em 22 anos de serviço público, nunca teve conhecimento de problemas de incompatibilidade na concessão de contratos públicos a familiares?

Essa questão nunca me foi levantada. É infelizmente uma arma de arremesso com que tenho levado, mas que ao mesmo tempo demonstra que se eu tivesse conhecimento dessa questão anteriormente a este processo, muito facilmente resolveria o problema. Não tive intenção [de favorecer familiares]. E precisamente por isso nunca estive atento a essas questões. Isto para mim é fundamental que seja dito. Se tivesse sido alertado, teria resolvido simplesmente o problema: não assinava.

A Strualbi foi criada em 1982. Há décadas que tem contratos com a autarquia. Porque não foi acautelada esta incompatibilidade?

A empresa era fornecedora da câmara desde os anos oitenta. O meu pai tem uma participação minoritária, nunca lá trabalhou.

… a empresa é também detida pelo seu sogro, e um tio da sua esposa [Hortense Martins, deputada do PS]…

Sim, mas refiro-me ao meu pai, que é quem aqui está em causa. Os outros não têm nada a ver. Nem um [o pai], nem os outros quatro [donos da empresa] que lá trabalham, nunca de lá tiraram provavelmente um ordenado.

Se ao longo dos anos a empresa forneceu serviços à câmara, não havia razão para tocar uma campainha a dizer: não podes assinar. Nunca sequer pensei nisso. Provavelmente a empresa foi até mais fornecedora no tempo em que o PSD era governo desta câmara. Portanto, com estas condicionantes, a empresa era naturalmente fornecedora, o meu pai nunca lá trabalhou nem tirou ordenado de lá...

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