A terminar o terceiro dia de campanha, em Rio Maior, depois de percorridos mais de 350 quilómetros desde o ponto onde a campanha desta terça-feira arrancou, Nuno Melo deixou críticas a várias condecorações atribuídas nos últimos anos. Zeinal Bava, Armando Vara, Camilo Mortágua e Joe Berardo foram referidos pelo cabeça de lista do CDS às Europeias. “Sugiro que se medite sobre a ligeireza com que se condecoram pessoas em Portugal”, afirmou. “E que se reavalie a condecoração a Joe Berardo. Não merece ser comendador de coisa nenhuma.”
“Alguém como Zeinal Bava, num dia 10 de junho, conseguiu ser condecorado com uma Ordem de Mérito Comercial. Significa que destruir uma das jóias da coroa portuguesa, que se chama PT, realmente neste país compensa”, afirmou. “Ou Armando Vara, condecorado com a Ordem do Infante, ou Camilo Mortágua, feito Grande Oficial da Ordem da Liberdade. E mais recentemente o Joe Berardo, feito comendador e depois ascendendo na tabela da Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.”
Em causa, estão condecorações atribuídas por dois presidentes da República: Cavaco Silva, que condecorou Zeinal Bava (a 10 de junho de 2014), e Jorge Sampaio - no caso da Ordem do Infante a Berardo (em 2004), a Ordem da Liberdade a Camilo Mortágua (em 2005) e a Ordem do Infante a Armando Vara (em 2005), entretanto retirada no início deste ano devido à condenação no processo Face Oculta.
É numa quinta de casamentos, em Rio Maior, com um relvado exterior e chapéus de sol de palha, que o CDS organizou o jantar que encerra esta terça-feira, depois de passar por Vila Nova de Poiares, Oliveira do Hospital, Fundão e ainda antes de seguir caminho para Lisboa, onde a campanha continua amanhã.
Com cerca de 200 apoiantes no jantar, conta-se em maior número a presença da Juventude Popular, incluindo o presidente, Francisco Rodrigues dos Santos, que aguardavam à entrada do salão, de bandeiras no ar e o habitual tambor que dá o ritmo aos cânticos.
"Contas certas da indecência"
Na sua intervenção, Nuno Melo levantou ainda a questão sobre as nomeações socialistas. “Estas são as contas certas da indecência de uma colonização do Estado em função do sangue e do partido”, afirmou. E criticou o Bloco de Esquerda por “apenas pedir reflexão ao Governo”. “Nós é que temos de pedir ao Bloco de Esquerda reflexão sobre a forma como encara as nomeações.” E aproveitou para deixar críticas a Francisco Louçã, por "ser escolhido" como para conselheiro do Banco de Portugal "e mais recentemente administrador não executivo da Caixa Geral de Depósitos" - algo que o Bloco de Esquerda disse ao Expresso não ser verdade, garantindo que Louçã não tem qualquer cargo na CGD.
Já depois de Assunção Cristas ter, durante a tarde, lembrado que o CDS continua a aguardar uma resposta do primeiro-ministro sobre o SIRESP, também o cabeça de lista centrista voltou a frisar a questão. “O CDS quer essa resposta. O país precisa dessa resposta.”
E as “contas certas” que Nuno Melo diz caracterizarem o partido voltaram ao discurso desta terça-feira, em Rio Maior, como também tinham estado ontem, em Coimbra, acusando os socialistas de serem os responsáveis pela austeridade e aproveitando para trazer novamente o nome de José Sócrates.
Por fim, Nuno Melo quis deixar claro que, com o PS, “acordos zero”. “Da nossa parte só terá oposição", afirmou. Sobre o que os centristas esperam das Europeias, foi claro. "Somos gente de fé e neste mês de maio tudo isso se conjuga. A justiça deve ser feita a quem a merece.”
[texto atualizado às 20h57]
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