Transportes

Parlamento Europeu flexibiliza metas para restrições às emissões de CO2 pela indústria automóvel

Parlamento Europeu flexibiliza metas para restrições às emissões de CO2 pela indústria automóvel
Joos Mind

Com esta decisão as construtoras automóveis livram-se de pagar multas que, segundo a indústria, poderiam ascender aos 15 mil milhões de euros

Parlamento Europeu flexibiliza metas para restrições às emissões de CO2 pela indústria automóvel

Vítor Andrade

Coordenador de Economia

O Parlamento Europeu aprovou esta quinta-feira a flexibilização de medidas para os fabricantes de automóveis, no que respeita à emissão de dióxido de carbono (CO2), dando assim mais tempo às construtoras de carros e carrinhas para se adaptarem e reduzirem a possibilidade de pagarem multas pesadas por incumprimento.

Segundo contas feitas recentemente pelo sector, esta medida poderá evitar o pagamento de multas na ordem dos 15 mil milhões de euros, por parte das construtoras automóveis europeias.

Com 458 votos a favor, 101 contra e 14 abstenções, os eurodeputados apoiaram a proposta da Comissão para apoiar o sector automóvel europeu, “que está a sofrer o impacto das rápidas mudanças tecnológicas e da crescente concorrência”, vinda do exterior, pode ler-se numa curta nota de imprensa divulgada pelo Parlamento Europeu (PE).

No mesmo documento é referido que a alteração proposta dá aos fabricantes a possibilidade de cumprirem com as suas obrigações para os anos de 2025, 2026 e 2027, calculando a média do seu desempenho ao longo do período de três anos, em vez de cada ano individualmente. “Esta abordagem permitir-lhes-ia equilibrar quaisquer emissões anuais excedentárias superando a meta nos anos subsequentes”, reforça ainda o comunicado do PE.

Note-se que de acordo com as regras atuais são estabelecidas metas anuais, que abrangem períodos de cinco anos, para reduzir as emissões médias de CO2 dos automóveis e carrinhas novos em toda a frota da UE.

PE alegou ‘procedimento de urgência’ para acelerar votação

Para acelerar a sua adoção, o PE concordou, na passada terça-feira, em tratar o caso ao abrigo do seu procedimento de urgência. No entanto, para entrar em vigor, o projeto de lei agora anunciado necessita ainda da aprovação formal do Conselho Europeu, onde há alguma divergência de opiniões sobre o assunto.

A proposta faz parte do plano de ação industrial da Comissão para o sector automóvel europeu, anunciado a 5 de Março, o qual surge na sequência do diálogo estratégico sobre o futuro da indústria automóvel, lançado pela Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, a 30 de Janeiro, que envolveu uma consulta pública aberta e discussões com a indústria e as partes interessadas para abordar os desafios mais urgentes enfrentados pelo sector.

Indústria aplaude decisão

Entretanto, a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) já manifestou o seu apreço pelas medidas aprovadas esta quinta-feira pelo PE e congratula-se com o alívio das restrições às emissões de CO2 e da adoção do mecanismo de média de três anos para o cumprimento das emissões para automóveis e carrinhas.

“A estrutura de média de três anos agora proposta oferece aos fabricantes de automóveis e carrinhas a flexibilidade necessária para atingir as metas de CO2 neste momento importante da nossa transição para a mobilidade de emissões zero, acomodando as flutuações na procura do mercado e nos ciclos de produção”, notam os responsáveis da ACEA.

Em comunicado aquela associação refere também que “esta abordagem é particularmente importante dada a atual falta de condições favoráveis ​​e o impacto que isso está a ter ao provocar uma adoção mais lenta do que o necessário por parte dos consumidores de modelos elétricos”.

Sigrid de Vries, diretora geral da ACEA sublinha que “a introdução de um mecanismo de média de três anos é um passo na direção certa que reconhece as complexidades e as dificuldades contínuas do mercado automóvel, com uma lenta absorção do mercado e uma falta de cadeia de valor doméstica para as baterias”.

Embora isto proporcione alguma flexibilidade aos fabricantes a curto prazo, “precisamos de uma estratégia de descarbonização a longo prazo, incluindo mais postos de carregamento para carros elétricos, incentivos fiscais e de compra, preços de energia mais justos, mantendo a indústria como uma potência competitiva e garantindo a autonomia estratégica da UE em tecnologias críticas. Aguardamos com expectativa discutir isto durante o próximo Diálogo Estratégico com a Comissão Europeia”, refere ainda a diretora geral da ACEA.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: VAndrade@expresso.impresa.pt

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