Transportes

Presidente da TAP defende que Estado deverá manter uma participação na companhia

Luís Rodrigues, presidente do conselho de administração da TAP
Luís Rodrigues, presidente do conselho de administração da TAP
Ana Baião

Luís Rodrigues,o presidente da TAP, considera que dada a relevância do turismo na economia portuguesa o Estado deverá manter-se como acionista da companhia. E, segundo o “Financial Times”, defende a atração de investidores fora do setor da aviação para contornar eventuais barreiras europeias a uma maior consolidação

Presidente da TAP defende que Estado deverá manter uma participação na companhia

Anabela Campos

Jornalista

Defensor da privatização da TAP, o presidente da comissão executiva da companhia aérea, Luís Rodrigues, avançou, citado pelo Financial Times, que o Estado português deverá manter uma participação no capital da transportadora. “Penso que um dia estaremos prontos para uma venda a 100%, mas vamos fazer isso passo a passo”, defendeu.

O gestor salientou também que é relevante atrair investidores que não pertençam ao sector da aviação para aliviar a preocupação da Comissão Europeia com a concorrência, e com uma maior concentração das companhias na Europa, o que tem levado Bruxelas a levantar barreiras às aquisições em curso.

Segundo o Financial Times, o presidente do TAP apelou ao Estado português que mantenha uma participação após a privatização, e que avance apenas para uma venda parcial e faseada, indicando que espera que a privatização comece a ser preparada nos próximos meses.

Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas, esclareceu em entrevista ao Expresso, publicada na edição do semanário de 18 de maio, que a privatização da TAP não é um prioridade neste momento, e afirmou que o Governo não tem preconceitos sobre uma venda de 100% do capital, mas deverá fazê-lo de forma faseada.

Manter capital para controlar agenda

“A minha recomendação seria que o Governo português mantivesse uma posição, para poder fazer parte do processo de desenvolvimento da TAP”, afirmou Luís Rodrigues, citado pelo FT, e sublinhando a relevância de o fazer dada a importância do turismo na economia portuguesa. “Só para garantir que, se os actores mudarem, ninguém entrará com uma agenda diferente”, acrescentou. E apontou como exemplo a necessidade de servir as regiões autónomas de Portugal, a Madeira e os Açores.

Luís Rodrigues adiantou, segundo o jornal britânico, que pretende atrair investidores fora do sector da aviação para atenuar as preocupações comunitárias em matéria de concorrência, numa altura em que se acumulam sinais de uma crescente inquietação em Bruxelas face à possibilidade de a aviação se tornar um sector dominado por grandes grupos.

Nacionalizada a 100% durante a pandemia, na sequência da compra da participação de David Neeleman e diluição da posição de Humberto Pedrosa através de aumentos de capital, o Governo português avançou para a privatização em 2023, com o governo de António Costa a admitir que pretendia vender mais de 50% da empresa.

Os candidatos à compra da TAP - Lufthansa, Air France/KLM e IAG - admitem, noticiou o Expresso, flexibilizar a sua posição face à compra de uma posição maioritária, o que poderá estar relacionado com o facto de Bruxelas estar a demorar a aprovar processos de consolidação na Europa.

A alemã Lufthansa ainda aguarda luz verde para a aquisição de uma participação na ITA. E a IAG (aliança que junta a British Airways e a Iberia) continua à espera da aprovação da compra da espanhola Air Europa, principal concorrente da transportadora de bandeira espanhola, estando desde 2019 a tentar fechar o negócio.

A disponibilidade dos grandes grupos para abdicar do controlo é visível na compra de uma participação de 19,9% da companhia escandinava SAS pela Air France/KLM, anunciada em outubro de 2023.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt

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