Metro do Porto: Linha Rubi já pode avançar – obra começa ainda em janeiro
A construção da nova linha custa 435 milhões de euros e a obra tem de estar pronta até ao final de 2026 para não desperdiçar o financiamento do PRR
A construção da nova linha custa 435 milhões de euros e a obra tem de estar pronta até ao final de 2026 para não desperdiçar o financiamento do PRR
Jornalista
A nova Linha Rubi do Metro do Porto já pode avançar e os trabalhos de construção começam no final deste mês de janeiro. A consignação da empreitada foi assinada esta terça-feira, nas Caves Ferreira, em Vila Nova de Gaia, numa cerimónia presidida por António Costa. O investimento neste projeto é de 435 milhões de euros (sem incluir material circulante) e a obra tem de estar concluída até ao final de 2026, para não desperdiçar o financiamento proveniente do PRR.
O primeiro-ministro frisou, em jeito de brincadeira mas deixando o aviso, que o financiamento do PRR para a Linha Rubi é uma “oportunidade única” que tem “imensas vantagens” e um “único problema”: “tem de estar mesmo tudo pronto até às 24h do dia 31 de dezembro de 2026”.
Para António Costa, “a última das obras do atual plano de expansão do metropolitano do Porto é um momento de grande significado”, defendendo que “o investimento na mobilidade urbana é absolutamente crítico”. E isso, acrescentou, “significa investir, cada vez mais, em modos alternativos de mobilidade e, em particular, no transporte coletivo”.
A Linha Rubi terá oito estações, uma extensão de 6,3 quilómetros e fará a ligação entre a Casa da Música e Santo Ovídio, criando uma nova travessia entre o Porto e Vila Nova de Gaia. Estima-se que o novo trajeto venha a servir 12,7 milhões de utilizadores anualmente. O projeto inclui a construção da Ferreirinha, nome da nova ponte sobre o Rio Douro que servirá para a passagem do metro, permitindo apenas a circulação pedonal e de bicicletas.
“Esta nova ponte é uma peça de engenharia extraordinária, uma lindíssima peça de arquitetura que vai homenagear uma das grandes figuras de Portugal e do Norte do nosso país”, destacou António Costa, referindo-se a Antónia Adelaide Ferreira, célebre empresária vinhateira. Todavia, notou o primeiro-ministro, “as pontes são sempre corpos estranhos naquilo que a natureza fez” e “um implante que se crava na carne da cidade”, ainda para mais quando a interseção se faz “num terreno densamente urbanizado como o Porto”.
O transporte público de qualidade é, na opinião de António Costa, “aquilo que permite reinventar as cidades e a deslocação nas áreas metropolitanas, sem excluir ninguém”.
Durante a cerimónia de consignação, apresentada por Catarina Furtado, o ministro do Ambiente e da Ação Climática disse que a Linha Rubi é um “eixo fundamental” e manifestou o desejo de que a nova ligação “seja um novo paradigma de mobilidade”. Para Duarte Cordeiro, as vantagens destas obras [de expansão do Metro do Porto] são evidentes e muito significativas”.
Além disso, referiu o ministro do Ambiente e da Ação Climática, a nova Ponte da Ferreirinha “será das poucas vias de comunicação em Portugal que não se dedica à circulação rodoviária e será a mais extraordinária de todas as pontes com estas características”.
Duarte Cordeiro afirmou que “a política de mobilidade sustentável não é um acessório nem um capricho”. “É um compromisso central do Governo e do país”, advogou o ministro. “Só com mobilidade coletiva conseguimos cumprir os nossos ambiciosos objetivos ambientais”, concluiu.
No mesmo sentido, o presidente da Metro do Porto destacou que a Linha Rubi tem um valor “singular para a descarbonização do país, dado o seu impacto nas emissões evitadas pela mudança do transporte individual para o transporte coletivo”. O novo trajeto, indicou Tiago Braga, “permitirá que mais de 5 milhões de utilizadores de automóvel mudem para o transporte coletivo, evitando dessa forma mais de 12 milhões de toneladas de CO2 por ano”.
A Linha Rubi é “sinónimo dos vinhos do Porto que duram muito para além das gerações que os produziram”, disse o dirigente da Metro do Porto, com a “convicção absoluta” de que a obra estará concluída até ao final de 2026.
Também presente na cerimónia esteve Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia e líder da Área Metropolitana do Porto, para quem a Linha Rubi é um “testemunho do compromisso da cidade e da região com o desenvolvimento sustentável, com a conectividade eficiente e com a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos”. Para o autarca, a nova rota “evidencia um papel vital na transformação do panorama urbano e na promoção da mobilidade inteligente da região”.
Por ligar importantes áreas das duas cidades, Eduardo Vítor Rodrigues considera que a Linha Rubi “torna-se numa espinha dorsal de um verdadeiro sistema de transporte público, criando uma verdadeira lógica de rede, proporcionando uma alternativa eficaz e eficiente ao tráfego rodoviário constantemente congestionado”.
Já para Rui Moreira a nova linha representa a “possibilidade de vir a mudar completamente o perfil das ligações entre as duas cidades”. O presidente da Câmara Municipal do Porto sustentou que é preciso primeiro “desenvolver a oferta de transporte público de qualidade para depois se criarem inibições ao transporte individual”.
A empreitada da Linha Rubi foi atribuída ao consórcio Alberto Couto Alves (ACA), FCC Construcción e Contratas y Ventas, pelo valor de 379,5 milhões de euros.
O Metro do Porto tem seis linhas atualmente em funcionamento, às quais se vão juntar a Linha Rosa (já em construção) e a Linha Rubi. Também o metrobus entre a Boavista e a Anémona, em Matosinhos, vai reforçar a rede de transportes.
Até 2030 estão previstas mais quatro novas linhas: Trofa, Maia II, São Mamede e Gondomar II.
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