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PSD quer enviar declarações de João Galamba ao Ministério Público, PS pode travar

PSD quer enviar declarações de João Galamba ao Ministério Público, PS pode travar
NUNO BOTELHO

Requerimento do PSD só será votado na próxima quarta-feira, e socialistas têm a palavra determinante. "Discrepância grosseira" entre versões de governantes justifica a decisão social-democrata

PSD quer enviar declarações de João Galamba ao Ministério Público, PS pode travar

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O Partido Social Democrata (PSD) quer o Ministério Público a avaliar as declarações de João Galamba na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP. Antes da audição de António Pires de Lima, o deputado Paulo Moniz fez um requerimento oral para anunciar essa decisão, mas a votação será só na próxima quarta-feira. E o Partido Socialista (PS) tem a palavra determinante.

“Nós ontem ouvimos todos com atenção as declarações do secretário de Estado Mendonça Mendes sobre toda a problemática envolvente. Já tínhamos ouvido o sr. primeiro-ministro e todos nos lembramos da longa intervenção de João Galamba aqui”, começou por dizer Paulo Moniz esta quarta-feira, 7 de junho. “Há uma questão que para nós é evidente: as três versões não coincidem”.

“Há uma discrepância grosseira entre o relatado na CPI e aqueles que são os relatos dos factos do sr. primeiro-ministro e de Mendonça Mendes e porque pode, desta discrepância, ter havido a prestação de falsas declarações, e configurar um crime, vamos dar entrada de requerimento a solicitar extração da ata da audição de João Galamba e que a mesma seja remetida ao Ministério Público”, continuou o deputado do PSD.

O objetivo é que o Ministério Público averigue “se há ou não lugar a aprofundar a eventualidade de existência de um crime em sede desta CPI”. Ainda assim, Paulo Moniz não falou em mentira, como no dia anterior acusou Hugo Soares, secretário-geral do PSD. Soares considera que houve mentira de Galamba, e até pediu a demissão do ministro das Infraestruturas até ao final do dia de ontem, o que não aconteceu. Da IL e Chega também houve pedidos de demissões.

TIAGO MIRANDA

O que está em causa

Em causa estão as palavras ambíguas de António Mendonça Mendes, secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, na comissão de Assuntos Constitucionais, que manteve a dúvida sobre se sugeriu ou não a João Galamba ativar as secretas para a recuperação de um computador com material classificado retirado do Ministério Público.

Até ontem, só João Galamba assumira este telefonema com Mendonça Mendes e que o secretário de Estado respondera com a sugestão de chamar o SIS. Mendonça Mendes confirmou que houve um telefonema, mas esteve uma hora e meia na comissão sem querer esclarecer devidamente o tema do telefonema. O Governo defende que é indiferente o que aconteceu porque, quando esse telefonema aconteceu, já as secretas tinham sido chamadas pela chefe do gabinete de João Galamba, Eugénia Correia, à luz das regras para que tinha sido instruída aquando do início de funções quando houvesse material classificado em risco.

O Bloco de Esquerda já anunciou que vai apresentar uma queixa à Procuradoria-Geral da República, mas para avaliar a legalidade da atuação das secretas. O PSD não quis assumir essa denúncia, e quis pôr a questão à CPI da TAP - se for aprovada, a participação é feita; se for chumbada pelo PS, tem essa arma política.

O requerimento foi apresentado por Paulo Moniz de forma oral, mas a votação do documento será apenas na próxima quarta-feira, dia 14, antes da audição de Hugo Mendes, ex-secretário de Estado das Infraestruturas. O PS, que tem a maioria dos deputados, tem recusado que os temas relacionados com as “secretas” entrem na CPI à TAP, por considerar que extravasa o seu objeto.

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