Transportes

Só Chega e BE queriam novas audições de Galamba na Comissão de Inquérito à TAP, mas não vai acontecer

Só Chega e BE queriam novas audições de Galamba na Comissão de Inquérito à TAP, mas não vai acontecer
António Pedro Ferreira

Chega fez requerimentos para ouvir Galamba e a sua chefe do gabinete, mas PS e PCP rejeitaram. Em resposta, Chega acusou comunistas e socialistas de “conluio”

Só Chega e BE queriam novas audições de Galamba na Comissão de Inquérito à TAP, mas não vai acontecer

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Pedro Filipe Soares, deputado do Bloco de Esquerda, foi o único deputado a favor, ao lado de Filipe Melo, do Chega, para que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP voltasse a ouvir João Galamba e a sua chefe do gabinete, Eugénia Correia.

O partido, de que o ex-adjunto de João Galamba - Frederico Pinheiro - foi adjunto há uma década, considera que há contradições por resolver. Ao voto contra do PS ao requerimento do Chega juntaram-se as abstenções dos deputados do PSD e do PCP na votação que teve lugar esta segunda-feira, 5 de junho, no Parlamento.

O voto contra do PS, porém, foi suficiente para impedir essas audições, pelo que elas não acontecer – aliás, Bruno Aragão, que coordena os trabalhos dos socialistas, já tinha dado essa sinalização.

Mas se o Chega teve companhia no requerimento para repetir estas audições, o mesmo não aconteceu com o pedido de extensão de prazo, por três meses, dos trabalhos da CPI. Pedro Filipe Soares disse que quando – e se – tal se colocar, discutir-se-á o prolongamento. O BE absteve-se juntamente com o PSD, o PS e o PCP votou contra. Em nenhuma destas votações a IL esteve presente.

Chega fala em “conluio” entre PS e PCP

O chumbo socialista tem sido justificado com o facto de estas audições serem sobre o tema das “secretas”, que o PS considera ir além do objeto da CPI à TAP (tutela política da gestão da transportadora). O Chega fez o requerimento, por dizer que há “mentira”, “provavelmente” de João Galamba, sobre a forma como os serviços de informação foram acionados a 26 de abril deste ano, mas Filipe Melo, o deputado efetivo do Chega na CPI, fala em “contradições”.

Eugénia Correia assumiu que foi ela a acionar as secretas para recuperar o computador do ex-adjunto, Frederico Pinheiro, por ter material classificado. João Galamba diz o mesmo, mas assume que fez telefonemas com vários governantes, incluindo com o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, que lhe terá transmitido para ligar às secretas, mas que, quando isso aconteceu, Eugénia Correia já o havia feito. Mendonça Mendes irá esta terça-feira à comissão de assuntos constitucionais explicar esse telefonema, que nem ele, nem o primeiro-ministro confirmaram ter ocorrido, e sobretudo com o tema mencionado por Galamba.

A audição vai acontecer na comissão de assuntos constitucionais de forma potestativa, decidida pela IL, e o PS tem recusado que o tema das “secretas” seja discutido na CPI – o que o PCP também tem considerado, remetendo para outras comissões parlamentares.

PCP com requerimentos aprovados

Daí que Filipe Melo tenha dito que “o grupo parlamentar do Chega não se revê neste conluio entre PS e PCP”, porque rejeitaram os requerimentos do Chega, por estarem fora do âmbito da comissão, mas depois aprovar outros que, segundo o deputado, estão fora do objeto. Por isso, o Chega votou contra os dois requerimentos do PCP que foram a discussão esta segunda-feira.

Um dos requerimentos comunistas era o que pede ao Ministério da Justiça todo o impacto de informação sobre as mudanças de gestão na Atlantic Gateway desde 2015 – é este o consórcio que comprou a TAP e o comunista Bruno Dias defende que há provas de que antes da aquisição Fernando Pinto, que geria a TAP, já trabalhava com os compradores David Neeleman e Humberto Pedrosa. O outro requerimento pede informação sobre a situação da Manutenção e Engenharia Brasil.

O Chega foi o único a votar contra estes requerimentos do PCP, com votos favoráveis de todos os outros partidos.

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