Transportes

Chega propõe mais três meses da Comissão de Inquérito à TAP e quer repetir audições de Galamba e Eugénia Correia

Líder do Chega, André Ventura
Líder do Chega, André Ventura
RODRIGO ANTUNES/LUSA

PS tem rejeitado pedidos de audições sobre o tema das “secretas”, mas, para já, o deputado Bruno Aragão diz que nem tem comentários ao pedido do Chega para estender os trabalhos até depois do verão

Chega propõe mais três meses da Comissão de Inquérito à TAP e quer repetir audições de Galamba e Eugénia Correia

Diogo Cavaleiro

Jornalista

O Chega pretende que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP seja prolongada por mais três meses, indo até outubro, e não julho, como está agora definido. O atual prazo é “manifestamente insuficiente”, defende o deputado André Ventura. Isto porque, pelo meio, quer ouvir novamente João Galamba e a chefe do seu gabinete, Eugénia Correia. Porém, o PS tem a palavra determinante nesta CPI, pelo que o chumbo é altamente provável. Porém, o deputado Bruno Aragão, que coordena os socialistas na comissão, não tem comentários para já.

À margem da audição da CPI desta sexta-feira, 2 de junho, no Parlamento, André Ventura explicou a repetição das audições porque “um dos intervenientes” em torno das “secretas” “estaria a mentir”. O líder do Chega vê “mentira” e fala em “profunda contradição” de Galamba: “entendemos que a probabilidade de o ministro ter mentido a esta CPI é bastante elevada”.

Já ontem o deputado tinha falado em “mentira”, mas sem esclarecer ao certo as razões dessa alegação. A chefe do gabinete de Galamba disse ter tido a iniciativa de ligar ao SIRP, o sistema em que os serviços de informação estão integrados, e ter recebido depois do SIS um telefonema a quem comunicou que tinha sido retirado por um ex-adjunto do Ministério das Infraestruturas um computador com material classificado.

O ministro das Infraestruturas tem defendido que teve telefonemas com vários membros do Governo por conta desse “roubo” do computador, como apelidou o primeiro-ministro, e que recebeu até de António Mendonça Mendes a indicação de que deveria falar às “secretas”; mas percebeu depois que a sua chefe do gabinete já o tinha feito. O primeiro-ministro garante que não houve qualquer ordem de membros do Governo para chamar as “secretas”.

O líder do Chega diz que é “impossível que as versões sejam harmonizadas”. O Governo não tem explicado a chamada telefónica entre Mendonça Mendes e Galamba (tema que leva o secretário de Estado ao Parlamento na próxima terça-feira), mas não é esse o ponto de Ventura para sustentar a sua argumentação.

Declarações para o MP

Seja como for, Ventura vai propor a convocatória para ouvir novamente João Galamba e Eugénia Correia, e quer mesmo que a CPI decida enviar já para o Ministério Público as declarações do ministro das Infraestruturas para apurar um eventual “crime” pela “mentira” que diz ver.

“O prazo estabelecido não se compadece com as diligências que é preciso fazer e o alcance que é preciso para saber a verdade”, justifica ainda o deputado do Chega, dizendo estar à procura com os outros partidos do “eventual consenso para uma prorrogação da CPI eventualmente por mais três meses”.

Mas é o PS que tem a maioria na CPI, e tem recusado audições relacionadas com as “secretas”, argumentando que o tema escapa ao objeto definido para os seus trabalhos (tutela política da gestão da TAP) – ainda nem é certo que esse tema venha a constar do relatório final a escrever pela deputada socialista Ana Paula Bernardo, como admite em entrevista ao Expresso. Para já, Bruno Aragão, que coordena os socialistas nos trabalhos da CPI, diz que “não tem comentários”.

“Última oportunidade”

Questionado sobre se não está a fazer estes requerimentos só para que o PS os chumbe, Ventura negou: “estamos a pedir para evitar uma CPI às “secretas”, é importante que o PS perceba que está nas mãos dele. Estamos a dar uma última oportunidade ao Governo de evitar um mau momento político e sensível que seria uma CPI às “secretas””, diz.

O Parlamento discute no dia 14 de junho as propostas da IL e do Chega para constituir uma CPI à atuação das “secretas”, mas se o PS recusar essa comissão de inquérito não será realizada, a menos que o PSD decida avançar, por sua iniciativa, para uma CPI, já que só os sociais-democratas têm o número mínimo de deputados para isso. Mas o PSD não deu ainda certezas.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate