Transportes

TAP: ex-secretário de Estado Ricardo Mourinho Félix apenas soube dos fundos Airbus este ano através da comunicação social

TAP: ex-secretário de Estado Ricardo Mourinho Félix apenas soube dos fundos Airbus este ano através da comunicação social
PEDRO NUNES

“Eu tive conhecimento dos fundos Airbus apenas agora”, disse no Parlamento Ricardo Mourinho Félix, referindo-se a uma notícia de fevereiro deste ano. E assegurou que nada lhe foi transmitido sobre o assunto

Ricardo Mourinho Félix, ex-secretário de Estado das Finanças, teve conhecimento dos fundos da Airbus para a capitalização da TAP apenas em fevereiro de 2023, graças à comunicação social, segundo revelou o próprio na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Obras Públicas, esta terça-feira.

“Eu tive conhecimento dos fundos Airbus apenas agora, com uma notícia do jornal Eco [de fevereiro de 2023]. Nada disso foi transmitido na transição de pastas nem pela Parpública, presumo que na altura não tivessem considerado isso um tema especialmente relevante”, disse.

Em causa está uma notícia do “Eco”, sobre o uso dos fundos Airbus na capitalização realizada pelos acionistas privados. Foram os 226,75 milhões de dólares resultantes da troca de frota que a TAP tinha encomendado à Airbus, em 2005, que David Neeleman usou para entrar na transportadora aérea portuguesa em 2015, dinheiro esse que veio dos fundos da Airbus, entregues por esta à DGN, uma empresa de Neeleman, e depois canalizado para a TAP, via Atlantic Gateway, através de prestações acessórias.

O negócio com a Airbus já estava alinhavado quando Neeleman se sentou à mesa com o Governo para assinar os papéis da privatização. E era conhecido da Parpública, segundo documentos consultados pelo Expresso, pelo menos desde 16 de outubro de 2015.

Previamente, numa audição na mesma comissão, a antiga secretária de Estado do Tesouro do Governo de Passos Coelho, Isabel Castelo Branco, considerou que a operação que envolveu fundos da Airbus na capitalização da TAP foi "transparente" e que David Neeleman arriscou "bastante" na privatização da companhia.

Já Pedro Ferreira Pinto, ex-presidente da Parpública, disse, anteriormente nesta comissão, que "não era novidade para ninguém" a operação que capitalizou a TAP na privatização, pois era conhecida pelo Governo PSD/CDS-PP e posteriormente passou toda a informação ao executivo PS.

Na mesma comissão parlamentar, Mourinho Félix explicou que os 55 milhões de euros, que Neeleman levou consigo por sair da TAP, “na prática traduziu-se na compra de ações de um dos acionistas privados [Neeleman]”. “É legítimo do interesse privado" querer recuperar parte do dinheiro investido, referiu o antigo governante.

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