O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil esteve reunido esta segunda-feira em nova Assembleia Geral de Emergência e acabou por desmarcar a greve prevista para começar na próxima quarta-feira e prolongar-se por sete dias
Foi praticamente até ao limite, mas greve dos tripulantes da TAP, que estava prevista para o período entre 25 e 31 de janeiro, foi desconvocada esta segunda-feira, após a Assembleia Geral de Emergência do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), e o "derradeiro esforço" da companhia para ir ao encontro das pretensões dos tripulantes.
O “avanço construtivo” das negociações com a administração da TAP para encontrar um acordo que merecesse a aprovação dos tripulantes, colocou fim ao braço de ferro. A votação foi maioritariamente a favor da desconvocação da greve, com 654 votos a favor, 301 contra e 20 abstenções.
O sindicato retomou esta segunda-feira a Assembleia Geral para analisar a mais recente proposta do conselho de administração da TAP. No domingo, a comissão executiva da TAP congratulou-se “com o avanço construtivo e muito significativo nas conversas tidas com o SNPVAC nas últimas 24 horas”. O presidente do sindicato, Ricardo Penarróias, citado pela Lusa, reconheceu que o acordo teve melhorias. A anterior versão do acordo satisfazia 12 de 14 pontos.
Se o SNPVAC avançasse com mais sete dias de greve, seria a segunda paralisação em menos de dois meses, a primeira foi a 8 e 9 de dezembro. Uma decisão que estava a criar algum incómodo junto dos outros sindicatos, sabe o Expresso. É que a greve de sete dias poria em causa o objetivo da administração de canalizar o montante dos custos que esta teria, no valor de 48 milhões de euros, para atenuar os cortes nos salários dos trabalhadores da companhia em 2023.
A TAP previa que esta greve levasse ao cancelamento de 1316 voos e afetasse 156 mil passageiros. O anúncio da greve já teve, no entanto, custos para empresa, uma vez que desviou passageiros para outras companhias.
No acordo anterior, apresentado aos associados na passada quinta-feira, tinham ficado de fora dois pontos: o reconhecimento dos níveis de entrada na carreira e os respetivos pagamentos, e a existência de mais um chefe de cabina nos aviões de longa distância, passando então a estarem dois chefes.
Em declarações aos jornalistas, após cerca de quatro horas de assembleia-geral, o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarroias, admitiu, citado pela Lusa, que “houve cedências de ambas as partes” e que os pontos que ficaram por aceder na proposta da TAP aceite pelos tripulantes não estão descartados.
“É nas negociações do acordo de empresa que temos de nos bater”, disse o dirigente sindical, referindo-se à exigência do regresso do chefe de cabine aos voos de longo curso, bem como ao fim da “precariedade no grupo TAP”.
“Esta etapa já passou, mas a luta continua, as nossas reivindicações continuam”, realçou Ricardo Penarróias, esclarecendo que o que hoje foi alcançado “não é um acordo temporário”, mas sim o regresso a condições de estabilidade que “tinham sido congeladas com o acordo de emergência”. E considerou o comunicado da empresa a dar conta dos impactos da greve, enviado na semana passada, “uma autêntica chantagem”.
Ricardo Penarróias sublinhou que, embora a proposta tenha sido aprovada, não houve unanimidade na votação, o que, para o sindicato, “é uma mensagem também para a empresa”.
“Apesar do acordo continua a haver insatisfação por parte dos trabalhadores do grupo TAP, pelo plano de reestruturação. As insatisfações não desapareceram com varinha magica só porque fizemos um acordo”, vincou.
Notícia atualizada às 18:25 com declarações do presidente do SNPVAC