Taxa de desemprego aumenta para 6,5% em 2023 e agrava-se também para 6,6% no quarto trimestre
Estimativa do INE aponta para um agravamento de 0,5 pontos percentuais na taxa nacional de desemprego nos últimos três meses do ano passado.
Estimativa do INE aponta para um agravamento de 0,5 pontos percentuais na taxa nacional de desemprego nos últimos três meses do ano passado.
Jornalista
São sinais de alerta para o mercado de trabalho nacional. No fecho de 2023 o balanço do Instituto Nacional de Estatística (INE), conhecido esta quarta-feira, aponta para um agravamento da taxa de desemprego no país. Portugal terá fechado 2023 com uma taxa de desemprego de 6,5%, traduzindo um agravamento de 0,4 pontos percentuais (p.p) face ao ano de 2022, mas ficando, ainda assim, abaixo das projeções do Governo que apontavam para uma taxa de desemprego de 6,7% no país, em 2023. Já os dados trimestrais (ainda provisórios), apontam também para um agravamento do desemprego, com a taxa de desemprego a subir para 6,6%. O valor que fica em linha com o registado no mês homólogo de 2022, mas supera em 0,5 p.p o registado no terceiro trimestre de 2023.
No ano passado, a média da população empregada no país foi de 4 978,5 mil pessoas, tendo aumentado 2% (97,1 mil) em relação ao ano de 2022, tornando-se no valor mais elevado desde 2011. O INE justifica a variação anual positiva da população empregada com o acréscimo do emprego registado entre mulheres (53,1 mil; 2,2%) e as pessoas dos 55 aos 64 anos (35,4 mil; 3,8%). Mas também com a subida do emprego entre os detentores de ensino superior (46,4 mil; 2,9%), os empregados no sector dos serviços (75,6 mil; 2,2%); os trabalhadores por conta de outrem (109,2 mil; 2,6%), com contrato sem termo (56,9 mil; 1,6%) e os empregados a tempo completo (69,6 mil; 1,5%). Esta evolução permitiu que em 2023, a taxa de emprego do país se fixasse nos 57%, traduzindo um aumento de 0,9 p.p. em relação ao registado no ano de 2022.
Já no que diz respeito à população desempregada no país, estimada em 346,6 mil pessoas, registou-se um aumento de 8,6% (27,5 mil pessoas) face ao ano anterior, interrompendo a série, iniciada em 2014 e só pontualmente quebrada em 2020, de taxas de variação anual negativas.
Para a variação anual da população desempregada contribuíram, segundo a nota que acompanha a síntese do INE, “principalmente, os acréscimos nos seguintes segmentos populacionais: homens (16,8 mil; 11,4%); pessoas dos 16 aos 24 anos (12,4 mil; 18,8%); com ensino secundário ou pós-secundário (15,5 mil; 13,7%); à procura de novo emprego (22,8 mil; 8,4%); e desempregadas há menos de 12 meses (40,8 mil; 23,3%)”.
Em 2023, a taxa de desemprego situou-se em 6,5%, um aumento de 0,4 p.p. do que em 2022. Ainda assim, a taxa registada no ano passado corresponde à segunda taxa de desemprego anual mais baixa desde 2011, logo a seguir à registada em 2022, ano em que o indicador se fixou nos 6,1%. Considerando a taxa de desemprego registada no país entre os jovens (16 a 24 anos), esta situou-se em 20,3% no ano passado. O número corresponde a um agravamento de 1,2 p.p. face a 2022.
No desemprego de longa duração há sinais de otimismo. A proporção de desempregados há 12 e mais meses foi de 37,7% em 2023, registando assim um decréscimo de 7,4 p.p. face ao ano anterior. INE nota, contudo, que 62,6% dos desempregados de longa duração se encontravam nesta situação há 24 ou mais meses.
Já no que toca aos inativos, em 2023, a população inativa total foi estimada em 4 986,8 mil pessoas, menos 80,3 mil (1,6%) do que em 2022, correspondendo à média anual mais baixa desde 2011. Evolução semelhante teve a população inativa com 16 ou mais anos - 3 530,6 mil pessoas - que diminuiu 2,2% (77,7 mil) em relação a 2022, fixando-se também à média anual mais baixa desde 2011. A taxa de inatividade foi de 39,9%, tendo diminuído 1,1 p.p. em relação a 2022.
A merecer também nota está o indicador de subutilização do trabalho, que agrega a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego, mas não disponíveis, e ainda os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego. Em 2023, a média anual da subutilização do trabalho abrangeu 640,5 mil pessoas, mais 3,3% (20,3 mil) do que em 2022, tendo a taxa de subutilização do trabalho sido de 11,7%, superior em 0,1 p.p. à do ano anterior.
A análise trimestral dos dados aponta para uma diminuição da população empregada nos últimos três meses do ano passado. A população empregada foi estimada pelo INE em 4 980,5 mil pessoas, diminuindo 0,7% (35 mil) face ao segundo trimestre de 2023, mas registando uma subida de 1,6% (79,8 mil) relativamente ao trimestre homólogo de 2022.
No desemprego, a população desempregada foi estimada em 354,6 mil pessoas. O número traduz um aumento de 8,7% (28,5 mil) na comparação com o trimestre anterior e de 3% (10,4 mil) relativamente trimestre homólogo de 2022. Nos últimos quatro meses do ano a taxa de desemprego foi estimada em 6,6%, valor superior em 0,5 p.p. ao do terceiro trimestre de 2023 e igual ao do quarto trimestre de 2022.
Já a população inativa com 16 e mais anos - um universo estimado em 3 537,5 mil pessoas. no quarto trimestre do ano passado -, aumentou 0,6% (19,5 mil) face ao trimestre anterior e registou uma diminuição de 1% (35,1 mil) relativamente período ao homólogo.
No último trimestre de 2023, a subutilização do trabalho abrangeu 636,8 mil pessoas. São mais 15,9 mil (2,6%) do que no terceiro trimestre de 2023 e mais 2,3 mil (0,4%) do que no último trimestre de 2022. A taxa de subutilização do trabalho, estimada em 11,6%, aumentou trimestralmente (0,3 p.p.) e diminuiu em termos homólogos (0,2 p.p.), aponta o INE.
Notícia atualizada pela última vez às 11h48
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