Estudo da OCDE indica que os custos do trabalho em Portugal subiram 19,2% e os lucros 8% desde o final de 2019
Portugal divergiu da grande maioria dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), registando entre o final de 2019, antes da crise pandémica, e o primeiro trimestre deste ano um crescimento dos custos do trabalho superior ao aumento dos lucros. A conclusão é do “Employment Outlook 2023” da OCDE, e a explicação prende-se com uma subida dos salários entre as mais fortes na União Europeia (UE), enquanto o aumento dos lucros foi dos mais contidos.
A OCDE analisa a evolução dos custos unitários do trabalho (rácio entre a compensação dos trabalhadores e o PIB real) e dos lucros unitários (obtidos pela divisão do excedente operacional bruto pelo PIB real), concluindo que ambos aumentaram na maioria dos países. Mas a regra foi uma subida dos lucros mais forte do que dos custos do trabalho — levando a uma contribuição dos lucros “invulgarmente grande”, nas palavras da OCDE, para as pressões internas sobre os preços. Em Portugal, contudo, a par de outros quatro países — Lituânia, França, Finlândia e Estados Unidos — dos 29 com dados disponíveis, aconteceu o inverso. Os custos unitários do trabalho subiram 19,2%, mais do dobro do incremento de 8% nos lucros unitários.
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