Trabalho

Chave para falta de mão-de-obra é subir salários, diz Confederação Europeia de Sindicatos

A construção é um dos sectores onde a falta de mão de obra é mais grave e onde os salários já estavam a subir antes da vaga da inflação
A construção é um dos sectores onde a falta de mão de obra é mais grave e onde os salários já estavam a subir antes da vaga da inflação
d.r.

Taxa de ofertas de emprego na União Europeia ter atingido níveis recorde no ano passado. Setores que têm mais problemas em encontrar pessoal pagam, em média, menos 9% do que aqueles que têm mais facilidade em recrutar

Uma das chaves para combater a falta de mão-de-obra na Europa é a oferta de melhores salários, segundo um estudo publicado esta terça-feira, 23 de maio, pela Confederação Europeia de Sindicatos (CES), que celebra em Berlim o 50.º aniversário da sua constituição.

Utilizando uma análise comparativa das ofertas de emprego e dos salários em 22 países da União Europeia (UE), o estudo mostra que os setores que têm mais problemas em encontrar pessoal pagam, em média, menos 9% do que aqueles que têm mais facilidade em recrutar mão-de-obra.

O relatório surge depois de a taxa de ofertas de emprego na UE ter atingido níveis recorde no ano passado, causando problemas de produção em 25% das empresas.

Embora esta situação tenha sido normalmente atribuída à falta de pessoal qualificado para alguns postos de trabalho, a nova análise, realizada pelo Instituto Sindical Europeu, indica que os baixos salários são um dos principais fatores subjacentes à escassez de mão-de-obra.

Em 13 dos 22 Estados-Membros da UE para os quais existem dados disponíveis, os setores onde a escassez de mão-de-obra aumentou mais entre 2019 e 2022 também ofereceram os salários mais baixos.

"Um salário digno é bom para os trabalhadores, bom para os empregadores e bom para a Europa. Os baixos salários estão a alimentar a crise do custo de vida, enquanto a escassez de mão-de-obra está a prejudicar o desempenho económico e os serviços públicos da Europa", afirmou a secretária-geral da Confederação Europeia dos Sindicatos, Esther Lynch.

"A Europa tem de ser um ótimo lugar para trabalhar. Já nos anos 80, Jacques Delors prometeu aos trabalhadores europeus o direito à aprendizagem ao longo da vida. Chegou o momento de cumprir essa promessa fundamental para uma Europa social", acrescentou.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, proferiu um discurso no congresso em que salientou a tarefa que os sindicatos cumpriram e a necessidade de todos poderem viver do seu trabalho.

Scholz afirmou que a diretiva relativa ao salário mínimo era um passo na direção certa, mas que só podia ser um primeiro passo.

"Se temos de falar sobre o salário mínimo, então algo está errado, porque os baixos salários são o resultado do facto de muitos trabalhadores não estarem vinculados a acordos coletivos. E a negociação coletiva está em declínio na Europa. O objetivo deve ser o seu aumento", sublinhou Scholz.

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