Trabalho

Remuneração mensal cresceu entre 2019 e 2021, desigualdade de género mantém-se

Remuneração mensal cresceu entre 2019 e 2021, desigualdade de género mantém-se

Em 2019, o intervalo de remuneração que agregava a maior proporção de trabalhadores era o dos 750 a 800 euros, mas em 2021 já era dos 850 a 900 euros. Salário bruto médio subiu, para 1445 euros

Entre 2019 e 2021 houve um aumento das remunerações mensais dos trabalhadores portugueses, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados pela primeira vez esta quarta-feira.

Os novos dados do Instituto Nacional de Estatística têm como base a declaração mensal de remunerações transmitidas pelas empresas à Autoridade Tributária, transmitida mensalmente ao INE por aquela entidade ao abrigo de um protocolo. A informação, que corresponde aos anos de 2019, 2020 e 2021, respeita a mais de 4 milhões de trabalhadores nesses três anos.

Segundo o gabinete estatístico, em 2019, o intervalo de remuneração que agregava a maior proporção de trabalhadores era o dos 750 euros a menos de 800 euros, mas em 2021 já era dos 850 euros a 900 euros. De notar que, entre os três anos houve uma subida do salário mínimo, que pode ter alguma influência nesta conclusão.

“É ainda possível observar um aumento da média (que se encontra na barra contornada em linha contínua) de remuneração bruta mensal nos anos em análise do intervalo remuneratório de 1300€ a 1350€ para o de 1400€ a 1450€”, indica o INE. Mais concretamente, a média encontrava-se nos 1347 euros em 2019 e nos 1445 euros em 2021.

Mas as diferenças entre atividades económicas são visíveis. Os dados indicam que no setor de alojamento, restauração e similares 50% dos trabalhadores recebiam até ao intervalo de 800 a 850 euros, encontrando-se a remuneração média nestas atividades entre os 850 e os 900 euros. Por outro lado, nas atividades financeiras e de seguros a mediana situava-se entre 2350 e 2400 euros, e a média entre os 2850 e os 2900 euros.

Apesar da população estar a ganhar mais que em 2019, a desigualdade de géneros mantém-se no final do mês. Em 2021, 60% das mulheres empregadas auferiram até 1122 euros brutos por mês, enquanto 60% dos homens receberam 1361 euros por mês.

Desigualdade de distribuição de rendimentos diminuiu

Nos dados divulgados esta quarta-feira, o INE nota ainda que houve um ligeiro desagravamento da desigualdade de distribuição de rendimentos entre 2019 e 2021.

Para chegar a esta conclusão, o INE usou dois coeficientes diferentes. O primeiro (coeficiente de Gini) recuou de 0,368 em 2019 para 0,361 em 2021 - quanto mais próximo de 0, menor será a desigualdade. O INE destaca a Região Autónoma dos Açores, onde este coeficiente caiu de 0,365 em 2019 para 0,343 em 2021; e, por razões opostas, o setor da administração pública, defesa e segurança social, onde a desigualdade aumentou de 0,349 para 0,356.

O segundo coeficiente tem o nome de de Atkinson, que o INE dividiu por vários parâmetros e em todos eles houve “um ligeiro desagravamento da desigualdade entre 2019 e 2021, independentemente do parâmetro de aversão à desigualdade utilizado”. Neste caso, o gabinete destaca que os trabalhadores no setor primário viram um agravamento da desigualdade em todos os parâmetros.

O gabinete estatístico mede ainda a desigualdade por rácios, nomeadamente um dos mais utilizados o rácio S80/S20 (compara o somatório da remuneração bruta mensal dos 20% da população com maiores rendimentos com o somatório da remuneração bruta mensal dos 20% da população com menores rendimentos). Neste caso, em 2019 o rácio fixou-se em 6 e em 2021 atingiu os 5,7 - quanto maior é este indicador, maior é a desigualdade na distribuição do rendimento entre a população.

Contudo, o rácio S95/S05 (que compara o rendimento dos 5% dos trabalhadores com remunerações mais elevadas com os 5% com remunerações mais baixas) diminuiu no acumulado de 2019 a 2021, mas de 2020 para 2021 houve um aumento.

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