Iniciou-se esta quinta-feira um período de quatro dias de greve dos trabalhadores da agência de notícias Lusa, uma paralisação que termina às 0h do dia 3 de abril (segunda-feira). Susana Venceslau, jornalista e delegada sindical da Lusa avançou ao Expresso que a adesão está a ser elevada, à volta de 90%, e que a linha de notícias da Lusa está praticamente parada.
Em nota aos leitores, a agência admite na sua linha de notícias que "o normal serviço da Lusa poderá […] sofrer perturbações durante este período".
Os trabalhadores da Lusa em greve decidiram reunir-se à porta da sede da agência Lusa, em Lisboa, numa concentração não autorizada. “Estão presentes entre 60 a 70 trabalhadores da Lusa, mas já estiveram mais. É uma concentração, como forma de protesto”, explicou Susana Venceslau.
Os trabalhadores começaram a concentrar-se à porta da Lusa às 10h. Vendo o ajuntamento de pessoas, com cartazes, a polícia apareceu no local, e verificando tratar-se de uma concentração não autorizada, decidiu chamar reforços e estiveram quatro carros de polícia, explicou a delegada sindical. Não obstante, salientou, a polícia compreendeu o protesto, não mandou dispersar, e não houve qualquer hostilização. Às 12h40 estavam seis agentes no local.
Para sexta-feira está prevista uma concentração em frente à casa do primeiro-ministro, entre as 11h e as 13h. Será na Rua de Borges Carneiro, em Lisboa. Essa manifestação está devidamente autorizada.
"Lutamos por um jornalismo de qualidade. Só se faz bom jornalismo com pessoas bem pagas e não com trabalhadores precários", sublinhou Susana Venceslau.
A greve de quatro dias - 30 e 31 de março, 1 e 2 de abril, foi convocada por três sindicatos de trabalhadores da agência — Sindicato dos Jornalistas, dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) e dos Trabalhadores do Sector de Serviços (SITESE).
A paralisação foi convocada após a administração ter proposto uma subida dos salários de 74 euros (face a uma proposta anterior de 35 euros), ainda abaixo do pedido dos sindicatos, que defendem um aumento salarial de 100 euros (já abaixo da reivindicação inical de 120 euros). Os sindicatos querem também um aumento do subsídio de alimentação para o valor máximo não tributado e a aglutinação do subsídio de transporte sem aumento.
A 3 de novembro de 2022, os trabalhadores da agência aprovaram um caderno reivindicativo que incluía, além da proposta de aumento salarial, a atualização do subsídio de refeição, a criação de um subsídio parental de 100 euros por cada filho, entre outros pontos.
O presidente da Lusa, Joaquim Carreira, admite que está a haver uma grande adesão à greve, mas, sobre as reivindicações dos trabalhadores, diz que neste momento é preciso esperar por orientações do Ministério das Finanças, já que a Lusa faz parte do setor empresarial do Estado.
“Nesta fase estamos com as primeiras horas, e está a ter uma grande adesão, próxima dos 100% no caso dos jornalistas”, afirmou ao Expresso Joaquim Carreira.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ACampos@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes