Sistema financeiro

Montenegro admite que "decisão do Governo pode ser reconduzir o atual governador" do Banco de Portugal: "Centeno reúne todos os requisitos"

Montenegro admite que "decisão do Governo pode ser reconduzir o atual governador" do Banco de Portugal: "Centeno reúne todos os requisitos"
MIGUEL A. LOPES

“O doutor Mário Centeno reúne todos os requisitos para ser governador do Banco de Portugal”, declarou este domingo Luís Montenegro, após anunciar que o Governo tomará uma decisão sobre a liderança do banco central na próxima quinta-feira

Montenegro admite que "decisão do Governo pode ser reconduzir o atual governador" do Banco de Portugal: "Centeno reúne todos os requisitos"

Miguel Prado

Editor de Economia

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou este domingo, em declarações à RTP, que o cenário de recondução de Mário Centeno como governador do Banco de Portugal está em cima da mesa. Centeno, recorde-se, terminou este fim-de-semana o seu mandato à frente do banco central.

“A decisão do Governo pode ser manter o atual governador ou substituí-lo. É a decisão que iremos anunciar na próxima quinta-feira”, comentou Montenegro.

“Para que não haja nenhuma dúvida, o doutor Mário Centeno reúne todos os requisitos para ser governador do Banco de Portugal, isso não está em causa”, afirmou o primeiro-ministro à RTP, pouco depois de anunciar, na Madeira, que a decisão do Governo seria anunciada na quinta-feira.

O atual governador já se mostrou disponível para fazer um novo mandato à frente do Banco de Portugal. Nos últimos meses o Governo de Montenegro tem procurado encontrar um novo nome para a liderança da instituição, sem sucesso.

Entre as personalidades que o Executivo equacionou estiveram o antigo ministro das Finanças Vítor Gaspar e o economista e professor universitário Ricardo Reis. Contudo, o facto de até agora o Governo não ter conseguido aprovar um sucessor implicará que Mário Centeno permaneça pelo menos mais alguns meses à frente do Banco de Portugal.

Centeno não tinha recebido até quinta-feira qualquer indicação do Governo sobre se e quando iria sair do Banco de Portugal. Isto implicará que o governador ainda participará na reunião da próxima quinta-feira do Banco Central Europeu (BCE). E poderá ter de aguardar por setembro, com o reatar dos trabalhos parlamentares, para definir o seu futuro (se houver um novo nome para o Banco de Portugal terá de ser ouvido na Assembleia da República).

Este domingo o presidente do Chega, André Ventura, defendeu na rede social X que “Mário Centeno não deve ser reconduzido no Banco de Portugal”.

“Estamos fartos de boys socialistas a colonizar o aparelho de Estado e as instituições supostamente independentes. Apelo ao primeiro-ministro que não o reconduza, chega de tachos e de incompetência”, declarou André Ventura.

Já em outubro de 2024, numa entrevista à SIC, Luís Montenegro havia afirmado que só decidiria sobre uma eventual recondução de Centeno “no final do mandato”, perto de julho de 2025. “Ninguém toma uma posição dessas a meio ano de distância”, disse então o primeiro-ministro.

Contudo, a relação entre Montenegro e Centeno está longe de ser pacífica. O Banco de Portugal tem assumido previsões mais pessimistas para a economia e as contas públicas do que o Governo.

“São previsões. Em qualquer caso, elas aparecem um bocadinho em contramão, visto que não há mais nenhuma entidade que acompanhe o pessimismo que o senhor governador do Banco de Portugal, expressou do ponto de vista do da performance orçamental para o próximo ano”, afirmou Luís Montenegro em dezembro de 2024.

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