Bancos portugueses esperam maior procura por crédito à habitação, mas a rejeição de pedidos tem aumentado

Tal como nas principais economias do euro, a banca nacional antecipa que o crédito à habitação venha a crescer no segundo trimestre deste ano
Tal como nas principais economias do euro, a banca nacional antecipa que o crédito à habitação venha a crescer no segundo trimestre deste ano
Jornalista
Os bancos portugueses acreditam que vai haver, nos próximos meses, um aumento da procura por crédito à habitação, mas não antecipam rever os critérios de concessão, segundo o Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito, publicação que o Banco de Portugal divulga de três em três meses. Uma maior procura que é antecipada quando a subida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu ficou já para trás e quando os analistas acreditam que, este ano, a tendência será de alívios.
No documento, divulgado esta terça-feira, 9 de abril, é dito que as expectativas dos bancos auscultados é que os “critérios de concessão [fiquem] praticamente inalterados no crédito a empresas e no crédito a particulares para aquisição de habitação, e ligeiramente mais restritivos no crédito ao consumo e outros fins.”
Assim, no crédito à habitação, a oferta de crédito manter-se-á igual, mas haverá maior procura: “Ligeiro aumento da procura de crédito para a habitação e uma ligeira diminuição da procura de crédito para consumo e outros fins” é o que consta do inquérito, que adianta também uma “ligeira diminuição da procura de crédito por parte das empresas de todas as dimensões e prazos de maturidade”.
Este ligeiro aumento da procura pelas famílias para crédito para a casa não é exclusivo: o Banco Central Europeu, que tem um inquérito idêntico, também publicado esta terça-feira, adianta que “os bancos esperam apresentar um forte aumento na procura do crédito para a casa” no segundo trimestre deste ano – que, a acontecer, ressalva o BCE, será o primeiro aumento desde o segundo trimestre de 2022, quando se começou a sentir o efeito do aumento das taxas de juro.
“O aumento na procura é esperado pelos bancos das maiores economias da Zona Euro [Alemanha, Espanha, França e Itália]”, segundo o mesmo documento do BCE. Uma procura que acontece ao mesmo tempo que os bancos esperam que os critérios de concessão na Alemanha deverão ficar mais exigentes e em França mais ligeiros.
Nos últimos meses, segundo o inquérito do Banco de Portugal, tem havido uma diferenciação mais profunda no risco dos créditos à habitação concedidos: os bancos sentiram uma “ligeira diminuição no spread dos empréstimos de risco médio e ligeiro aumento no spread dos empréstimos de maior risco”.
Também se verificou um “ligeiro aumento no crédito para a habitação” no que diz respeito à rejeição dos pedidos que são feitos – algo que também se verificou na Alemanha, mantendo-se intacta a taxa de rejeição nas outras economias.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt