Sistema financeiro

Autoridade da Concorrência aplica coima de quase €14 milhões à SIBS por abuso de posição dominante

Autoridade da Concorrência aplica coima de quase €14 milhões à SIBS por abuso de posição dominante
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A Autoridade da Concorrência concluiu que a SIBS, a dona do Multibanco, abusou da sua posição de domínio no mercado dos serviços de pagamento e sancionou a empresa com uma coima de quase 14 milhões de euros

Autoridade da Concorrência aplica coima de quase €14 milhões à SIBS por abuso de posição dominante

Miguel Prado

Editor de Economia

A Autoridade da Concorrência (AdC) anunciou esta terça-feira uma coima de 13,87 milhões de euros à SIBS num processo por alegado “abuso de posição dominante” no setor dos serviços de pagamento, por “obrigar os emitentes e adquirentes de cartões de pagamento que procuraram aceder aos sistemas de pagamento do grupo a contratar também os seus serviços de processamento”.

A investigação da AdC começou em novembro de 2020, depois de um inquérito a empresas tecnológicas de serviços financeiros (fintechs). E de acordo com a investigação da AdC, o grupo SIBS “abusou da sua posição dominante nos mercados relativos aos sistemas de pagamento do grupo, ao condicionar o acesso a estes sistemas à obrigação de contratar também os seus serviços de processamento”.

As empresas que quisessem usar sistemas como o Multibanco e o MBWay tinham também de contratar os serviços de processamento da SIBS, indica a AdC, notando que algumas empresas têm capacidade de processar as próprias transações.

Em causa está o que a AdC designa como “venda ligada”, que acaba por limitar a concorrência e prejudicar os consumidores.

“Esta prática, que durou cerca de três anos, limitou a entrada e expansão de processadores concorrentes do grupo SIBS, que manteve quotas de mercado superiores a 90% durante todo este período nos mercados de processamento”, explica a AdC.

As sociedades visadas pela decisão do supervisor da concorrência são a SIBS SGPS, a SIBS FPS, a SIBS MB e a SIBS Cartões.

Durante esta investigação a SIBS foi alvo de buscas em janeiro e fevereiro de 2021, em Lisboa. Em julho de 2022 a AdC adotou a nota de ilicitude, acusando a SIBS destas práticas e dando à empresa a oportunidade de defesa.

A presidente da SIBS, Madalena Cascais Tomé, já assumiu no ano passado, em entrevista ao “Jornal de Negócios”, discordar “em pleno” da acusação da AdC.

A maior abertura do mercado de pagamentos em Portugal é esperada há já algum tempo pelas empresas deste setor.

Notícia atualizada às 8h03 com mais informação.

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