Sistema financeiro

BCP mais que quadruplica lucros para €856 milhões em 2023, "com muito orgulho"

Miguel Maya, presidente executivo, e Nuno Amado, presidente do conselho de administração do BCP
Miguel Maya, presidente executivo, e Nuno Amado, presidente do conselho de administração do BCP
ana baião

Os resultados líquidos do BCP mais do que quadruplicaram em 2023 para 856 milhões de euros em termos consolidados. Para este resultado a atividade em Portugal contribuiu com um lucro de 724,9 milhões de euros

BCP mais que quadruplica lucros para €856 milhões em 2023, "com muito orgulho"

Isabel Vicente

Jornalista

O banco liderado por Miguel Maya registou um lucro muito expressivo em 2023, passando de 197,4 milhões de euros para 856 milhões no final de 2023. Na apresentação de resultados o presidente executivo do BCP, Miguel Maya sublinhou que a equipa de gestão do banco tem “muito orgulho em apresentar resultados positivos, embora pareça que hoje em dia há alguma vergonha em apresentar lucros”.

Para o resultado alcançado pesou sobretudo a margem financeira (diferença entre juros cobrados nos créditos e juros pagos pelos depósitos) que ascendeu a 2,8 mil milhões de euros, mais 31,4% face ao ano de 2022.

"A evolução favorável da margem financeira verificou-se tanto na atividade em Portugal, onde se registou um crescimento superior a 50%, como na atividade internacional", diz o banco em comunicado apresentado esta segunda-feira. Uma evolução transversal na banca portuguesa devido à subida das taxas de juro que ajudou aos lucros alcançados.

As comissões não subiram nem desceram, mantendo-se em 2023 na casa dos 771,7 milhões de euros.

O negócio internacional contribuiu em 2023 de forma positiva, tendo o contributo ascendido a um lucro de 131,2 milhões de euros, quando em 2022 a atividade internacional no seu conjunto registou um prejuízo de 146 milhões de euros.

Os custos operacionais subiram 8,3% para 1.162,6 milhões de euros. Os custos com pessoal aumentaram 8,8% em termos consolidados e na atividade em Portugal o aumento foi de 4,8%.

O rácio de capital foi reforçado: “O rácio de capital total está nos 19,9% (aumento de 310 pontos base face a 2022), evidenciando a forte capacidade de geração orgânica de capital”.

A rentabilidade dos capitais próprios (ROE) que serve para medir a capacidade de retorno ao acionista ascendeu a 16%, o que para Miguel Maya é positivo, mas, afirma: “Não nos podemos esquecer que nos últimos anos o banco teve rentabilidades muito baixas (pouco mais de 1%)”.

A pesar no maior banco privado a atuar em Portugal continuam as provisões e imparidades que “continuam com um valor muitíssimo expressivo”, superam os 1000 milhões de euros (1099,8 milhões), sublinhou Miguel Maya.

Para isso contribuem sobretudo os riscos legais do banco na Polónia, cujas provisões ascenderam a 623 milhões de euros, enquanto as provisões e imparidades para crédito até decresceram 20% para 240 milhões de euros.

Crédito e recursos sobem no exterior mas caem em Portugal

O crédito concedido em termos consolidados caiu 1,6% para 56,18 mil milhões de euros, para o que contribuiu a queda do crédito em Portugal que recuou 3,8% para 38,62 mil milhões de euros.

Na atividade internacional, o crédito concedido subiu 3,6% para 18,19 mil milhões de euros.

Já os recursos totais cresceram 2,7% em 2023 para 95, 29 mil milhões de euros, com os depósitos à ordem a crescer 2,5% para 45 mil milhões. Em Portugal o total de recursos captados caiu 2,3% para 66,67 mil milhões de euros. Foi na atividade internacional que se verificou maior crescimento, 16,6% totalizando 28,62 mil milhões de euros.

Em contribuições o BCP pagou mais de 54 milhões de euros, somando a contribuição para o sector bancário, para o Fundo de Resolução e a contribuição adicional de solidariedade.

Nuno Amado diz que banco está bem e recomenda-se

Como tem sido hábito, o presidente não executivo do BCP, Nuno Amado, marca presença na apresentação de resultados do banco e desta vez destacou que “o banco está preparado o futuro, o que é muito bom sinal”.

Voltou a assinalar que é o único banco cotado, e que “é resiliente e responsável”. Recorda ainda que o banco pagou toda a ajuda que precisou de pedir no tempo da troika, e mais 1000 milhões de euros desse empréstimo, e só para o Novo Banco, prossegue, “já pagámos 480 milhões de euros”. E sublinha que o banco reforçou o capital ascendendo este a mais de 6 mil milhões de euros.


Notícia atualizada às 20h45, acrescentando informação sobre custos e contributo internacional para os lucros

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