O Eurobic está mais perto de ficar nas mãos do Abanca. A Autoridade da Concorrência já foi notificada desta operação, e terá de avaliar se há efeitos negativos sobre os consumidores decorrentes do negócio, que também precisará da luz verde do Banco Central Europeu.
Desde o início de 2020, após a eclosão do Luanda Leaks, que a venda do Eurobic está em cima da mesa, mas só agora ela está mais perto de concretizar-se. Após um falhanço logo em 2020, com o próprio Abanca, o grupo espanhol voltou à corrida e acabou por fechar negócio, após muitas dificuldades para lidar com as implicações judiciais sobre Isabel dos Santos, a maior acionista do banco, com 42,5%.
O acordo de compra foi assinado em novembro de 2023, e tem agora de passar pela avaliação da Autoridade da Concorrência. A entidade presidida por Nuno da Cunha Rodrigues analisará as consequências concorrenciais da operação que juntará os cerca de 70 pontos de venda que o Abanca tem em Portugal aos perto de 200 que o Eurobic detém. Com isto, o Abanca conseguirá estar presente em todos os distritos, algo que não acontece com nenhum dos dois bancos neste momento.
Deste tipo de processos pode sair luz verde, autorização com a imposição de condições (se houver forma de conter os efeitos nefastos sobre a concorrência) ou proibição.
E, como sempre nestes processos da Concorrência, há espaço para concorrentes ou outros agentes do mercado fazerem comentários: “As observações devem ser remetidas à Autoridade da Concorrência, no prazo de 10 dias úteis contados da publicação do presente aviso”. O aviso foi publicado na quinta-feira, 1 de fevereiro, no site da AdC e esta sexta-feira, dia 2, está também em dois jornais de âmbito nacional.
Não se sabe qual o preço pago pelo Abanca nesta operação de concentração, mas é mais uma aquisição feita pelos galegos, muito habituados a compras em Espanha: foi o Abanca que ficou com as atividades espanholas da Caixa Geral de Depósitos e do Novo Banco. O BCE tem ainda de dar a sua autorização, por conta da aquisição da participação qualificada através da qual Isabel dos Santos sai do banco em que já não tem poderes de voto sobre os seus 42,5% do capital desde 2020. O restante capital pertence aos sócios, como Fernando Teles, com 37,5% do capital. Todos os acionistas do Eurobic acordaram a venda.
Mais pormenores poderão ser dados na próxima segunda-feira, quando os espanhóis do Abanca apresentarem os seus resultados relativos a 2023.
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