Sistema financeiro

Bancos reportam ambiente mais restritivo no crédito ao consumo e recuo da procura nas empresas e na compra de casa

Bancos reportam ambiente mais restritivo no crédito ao consumo e recuo da procura nas empresas e na compra de casa
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As condições de concessão de crédito mantêm-se quase inalteradas por parte dos bancos, mas tornaram-se ligeiramente restritivas nos empréstimos ao consumo e para outros fins, de acordo com os resultados do mais recente inquérito do Banco de Portugal

Bancos reportam ambiente mais restritivo no crédito ao consumo e recuo da procura nas empresas e na compra de casa

Isabel Vicente

Jornalista

A incerteza sobre as perspetivas económicas gerais, a qualidade creditícia dos consumidores e a tolerância aos riscos contribuíram para que a banca fosse mais restritiva nos montantes a emprestar para crédito pessoal, revela esta terça-feira o Banco de Portugal.

O inquérito sobre o mercado de crédito aos bancos em Portugal, que decorreu entre 7 de dezembro e 29 de dezembro, diz respeito ao estado da oferta e da procura de empresas e particulares no último trimestre de 2023 e aos constrangimentos ou cenários esperados para os primeiros meses de 2024.

Em termos gerais, quer do lado da oferta (dos bancos), quer do lado da procura (dos clientes dos bancos) as cautelas são grandes.

Os bancos querem fazer negócio, mas estão atentos aos riscos de excesso de endividamento e por isso tendem a conceder crédito com melhores condições para empréstimos a empresas e habitação de risco médio com spreads (comissões que atendem ao risco do cliente) mais baixos. Mas no que toca ao crédito ao consumo são mais restritivos nos montantes a conceder.

Nos créditos para compra de habitação, a concorrência entre bancos tem ajudado à descida de spreads e das taxas em alguns segmentos, dá nota o Banco de Portugal no inquérito sobre o mercado de crédito em Portugal, cujas conclusões foram divulgadas esta terça-feira.

O Banco de Portugal revela a existência de um ligeiro aumento na rejeição dos bancos a pedidos de empréstimos por pequenas e médias empresas (PME). Também subiu a rejeição de empréstimos a particulares para consumo e outros fins.

Já no que toca à procura de crédito, os bancos reportaram que se verificou uma “redução ligeira” por parte das PME e grandes empresas, em particular para empréstimos de longo prazo. A isso está associado não só o nível das taxas de juro como também as menores necessidades de financiamento.

Do lado dos particulares, também não é indiferente o nível das taxas de juro, ainda altas, que ditaram a redução da procura de crédito para compra de casa.

Situação similar verifica-se na procura de crédito ao consumo e para outros fins: o nível das taxas é alto e os consumidores vão recorrendo, quando podem, mais às poupanças guardadas do que ao crédito sem fim específico.

“A perceção e tolerância a riscos” ditam nos próximos meses uma maior restrição nos termos e condições à concessão de crédito, indica o inquérito do BdP.

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