CGD oferece aumento de 3% para este ano, sindicato pede 7%
A Caixa Geral de Depósitos entregou aos sindicatos uma proposta de aumento da tabela salarial de 3%. O banco público dá nota em comunicado de que com este aumento, a juntar aos que se somam desde 2018, os trabalhadores não perderam poder de compra, como diz o sindicato mais representativo da CGD
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) avançou esta quarta-feira com uma contraproposta dirigida aos sindicatos da banca, na qual oferece um aumento médio de 3% na tabela salarial e das cláusulas de expressão pecuniária, com exceção das diuturnidades, das ajudas de custo e do abono para falhas (sem aumento). Recorde-se que o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa pediu uma atualização de 7% para 2024.
Na proposta entregue aos sindicatos o banco presidido por Paulo Macedo refere que no aumento proposto na tabela salarial “as promoções já realizadas e as que falta realizar, mas também o aumento estimado dos prémios e incentivos a pagar em 2024 face a 2023, permitirão atingir o aumento de 5% da massa salarial global em 2024”.
Este aumento é superior em 50% ao que está assumido por outros bancos, que avançaram com uma proposta de 2% face às propostas dos restantes sindicatos, que consideraram a proposta dos bancos “indecorosa”.
No comunicado pode ler-se que tendo em conta as orientações do acionista, ou seja, do Estado, "o aumento salarial por trabalhador deve ter por referência o valor de 3%, sem prejuízo da possibilidade de efetivação de aumentos superiores, em particular aos trabalhadores com mais baixos rendimentos, não podendo ultrapassar o aumento da massa salarial global de 5%".
Os partidos já questionaram o Governo sobre o encerramento de balcões da CGD em várias freguesias do país, embora ainda não haja uma lista definitiva das agências que vão fechar
CGD refuta que trabalhadores tenham perdido poder de compra
A CGD argumenta que, ao contrário do que tem sido dito pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa (STEC), o mais representativo no banco estatal, "os colaboradores da CGD não perderam poder de compra entre 2018 e 2023".
Para isso, a CGD faz contas aos aumentos desde 2018 e chega à conclusão de que apenas em 2022 o aumento foi inferior à inflação. A Caixa diz ainda que “a maioria das cláusulas de expressão pecuniária da CGD também é de valor superior ao praticado no setor”.
O banco público afirma ainda em comunicado que “o crescimento da massa salarial na CGD foi superior, no período 2018 – 2023, aos valores registados de inflação”. E que isso “representou um aumento do poder de compra dos colaboradores da CGD”.
A CGD nota que num período de seis anos (2018-2023) “apenas em 2022 o aumento da tabela salarial ficou aquém da inflação”. Mas sublinha que, em termos gerais, o crescimento acumulado da massa salarial na CGD foi de 19,7%, superior em 4,3 pontos percentuais face à inflação acumulada (15,4%).
A Caixa explica, contudo, que “para o crescimento da massa salarial são considerados os aumentos da tabela remuneratória, bem como as promoções efetuadas em cada ano, incluindo as obrigatórias previstas nos Acordos de Empresa negociados entre a CGD e os sindicatos”.
Aumentos da massa salarial na CGD são superiores aos de outros bancos
Desta feita o banco presidido por Paulo Macedo vem dizer também que “a tabela salarial da Caixa Geral de Depósitos é superior à praticada na restante banca em cerca de 20%”, referindo que “as taxas de crescimento da massa salarial e da tabela salarial têm sido constantes nos últimos anos, sendo de destacar o crescimento expressivo em 2023”.
E Paulo Macedo, que tem no seu pelouro as negociações com os sindicatos, aproveita para fazer um balanço, referindo que o banco que dirige desde 2017 tem políticas assentes no reconhecimento do mérito e desempenho dos seus colaboradores e que “a valorização e a motivação não se limitam à tabela salarial”.
No comunicado que chegou às redações destaca ainda “as promoções realizadas e os prémios e incentivos monetários atribuídos aos colaboradores, sendo que estes últimos não decorrem do Acordo de Empresa”.
E avança detalhes sobre os últimos anos. “Em 2023 foram concretizadas 1248 promoções, das quais 734 decorrentes do Acordo de Empresa”, e em relação a 2024 foram já realizadas 771 promoções, com efeitos a partir de janeiro".
90% dos trabalhadores receberam prémios de desempenho
A CGD explica que “relativamente ao prémio de desempenho e potencial, atribuído por decisão de gestão, o mesmo foi pago no passado mês de abril, num valor total de 16,8 milhões de euros em Portugal, tendo abrangido 5837 colaboradores (90% do total)”.
Já no que diz respeito aos incentivos comerciais a Caixa diz que “foram atribuídos 3,6 milhões de euros até dezembro de 2023 e prevê-se que sejam ainda atribuídos 1,1 milhões de euros relativos aos últimos ciclos de 2023, totalizando 4,7 milhões de euros”. Um valor que a CGD diz abranger 3973 funcionários.
E no que diz respeito a 2023, “considerando o aumento da tabela salarial e das cláusulas de expressão pecuniária, as promoções realizadas, bem como o pagamento de prémios e incentivos, temos uma variação de 7,9% da massa salarial global”, mas “se for ainda considerado o custo com o nivelamento bancário, que decorre do Acordo de Empresa, e que foi de 7,5 milhões de euros, a variação da massa salarial global, em 2023, totaliza 11,3%”.