Sistema financeiro

Com o First Republic em crise, EUA preparam alargamento do crédito de emergência a mais bancos

Janet Yellen
Janet Yellen
Chip Somodevilla/Getty Images

A Fed quer alargar a mais bancos a linha de financiamento de emergência anunciada há duas semanas, avançam fontes não identificadas à agência Bloomberg. O objetivo é impedir que mais um banco, o First Republic, soçobre com a pressão

Longe, muito longe, parece estar o fim da crise bancária dos EUA. Mas, para que esse dia chegue mais cedo, a Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos estará a pensar alargar a linha de financiamento, aberta a 12 de março, a mais bancos, para reforçar a confiança dos mercados na liquidez das instituições, avança a Bloomberg, citando fontes.

Depois do colapso do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature, ambos alvo de uma resolução em março. No olho do furacão está atualmente o First Republic Bank, o 14.º maior banco comercial dos EUA, com 213 mil milhões de dólares em ativos sob gestão no final de 2022, segundo dados da Reserva Federal.

É a pensar na situação deste banco, cujo modelo de negócio se baseia na gestão de fortunas e que tem sido alvo, tal como os SVB e Signature, de uma corrida aos depósitos, que a Fed pretende alargar esta linha de crédito a mais instituições.

As fontes citadas dizem que o alargamento será feito no espírito de que todos os bancos possam beneficiar dele, mas que permita dar mais tempo ao First Republic para reformar a sua posição de liquidez. As autoridades irão, ao mesmo tempo, seguir de perto quaisquer desenvolvimentos na instituição financeira.

A secretária norte-americana do Tesouro, Janet Yellen, já admitiu na semana passada que “ações similares possam ser permitidas a instituições mais pequenas que sofram corridas aos balcões que coloquem o risco de contágio”.

O First Republic, consideram os reguladores, não está numa situação tão crítica como a dos dois bancos alvo de resolução há duas semanas, altura em que a Fed e o Tesouro norte-americano intervieram para garantir a totalidade dos depósitos do SVB e do Signature além do limite de 250 mil dólares por depositante.

Segundo as fontes ouvidas pela Bloomberg, o First Republic, apesar da retirada de depósitos, não interrompeu as operações, tendo dinheiro suficiente para fazer face à corrida aos levantamentos. Tem-no graças em grande parte ao depósito de 30 mil milhões de dólares feito por um grupo de grandes bancos, concretizado há semana e meia, que beneficiaram desta realocação de capital de pequenas para as maiores instituições.

Além disso, diz a Bloomberg, não se viu obrigado a declarar perdas semelhantes às dos dois outros bancos, que se viram forçados a vender ativos no mercado abaixo do valor de maturidade para conseguirem liquidez imediata para pagar aos depositantes.

O First Republic perdeu 90% do seu valor de mercado desde o dia 1 de março.

A Fed, o Tesouro norte-americano, o fundo de garantia de depósitos FDIC, e o First Republic não quiseram fazer comentários à Bloomberg.

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