Os cinco maiores bancos que operam em Portugal tiveram lucros agregados de 2.583 milhões de euros em 2022, mais 1.000 milhões de euros do que em 2021. No ano em que a progressão dos lucros foi de 71% em termos homólogos, CGD, Santander Totta, Novo Banco, BCP e BPI fecharam um total 104 balcões e cortaram o efetivo total em 635 trabalhadores, segundo os cálculos da agência Lusa.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi o que conseguiu os maiores lucros, de 843 milhões de euros em 2022, mais 45% do que em 2021. O banco público anunciou ainda que pretende dar ao seu acionista, o Estado, o "maior dividendo" da sua história, de 350 milhões de euros.
O Santander Totta foi o segundo banco com melhores resultados positivos em 2022 (sendo o banco privado com mais lucros), de 606,7 milhões de euros, mais 90% do que no ano anterior. O resultado do banco, detido pelo grupo espanhol Santander, foi o maior da sua história.
Já o Novo Banco triplicou os lucros. Depois de em 2021 ter tido pela primeira vez resultados positivos, de 184,5 milhões de euros, em 2022 ascenderam a 560,8 milhões de euros. O ano passado foi também o primeiro, desde 2017, em que o banco nascido na resolução do BES não pediu nova injeção de capital ao Fundo de Resolução bancário.
Por fim, os lucros do BCP subiram 50%, para 207,5 milhões de euros (num ano ainda muito afetado pelas provisões para créditos hipotecários na operação na Polónia), e os do BPI cresceram 19%, para 365 milhões de euros.
Subida dos juros engrossa margem financeira
Nos resultados de 2022 os bancos contaram já com a ajuda da subida das taxas de juro, que melhorou a sua margem financeira (a diferença entre o que os bancos cobram pelos créditos e o que pagam pelos depósitos), já que aumentaram os juros dos créditos mas os juros dos depósitos continuam baixos (o que tem motivado críticas).
A subida das taxas de juro (e que deverá continuar, pois o Banco Central Europeu já assinalou que continuará a subir as taxas diretoras) tem agravado as prestações dos créditos.
Para ajudar os clientes com crédito à habitação, o Governo criou uma lei que força a renegociação dos empréstimos sob determinadas condições. Além disso, os bancos estão também a fazer reestruturações por decisão própria, para evitar incumprimentos de clientes.
Segundo informações dadas nas apresentações de resultados, a CGD já reestruturou contratos de crédito à habitação com 3.600 clientes. O BCP disse que tinha 4.000 clientes em processo que pode levar a reestruturação de crédito e o BPI afirmou que tinha cerca de 2.000 créditos à habitação de clientes elegíveis para reestruturação ao abrigo do regime legal. O Novo Banco está a renegociar cerca de 5.500 créditos à habitação e, por fim, o Santander Totta disse está a analisar cerca de 2.000 casos no âmbito da lei (mas que não significa que todos serão reestruturados).
Os bancos têm considerado que, por agora, há clientes em situação difícil mas que, no panorama geral, não há motivo de alarme. Ainda assim, mostram-se preocupados com o que poderá acontecer se as taxas de juro continuarem a subir e se também houver degradação da economia (sobretudo com aumento do desemprego).
Menos 635 trabalhadores e 104 balcões
Líder em lucros, a Caixa Geral de Depósitos foi, entre as instituições financeiras analisadas, a que mais reduziu o número de trabalhadores, terminando 2022 com 5.837 funcionários, menos 280 que em 31 de dezembro do ano anterior. O número de balcões passou para 515, menos 27.
O Santander Totta dispensou 141 trabalhadores em 2022 (ficando com 4.664) e fechou oito agências (ficando com 339).
O Novo Banco, dispensou no ano passado 103 funcionários e fechou 19 agências (ficando com 4.090 trabalhadores e 292 balcões).
Abaixo das 100 reduções ficaram o BCP e o BPI. O BPI dispensou 74 funcionários e encerrou 24 balcões. O BCP, o que apresenta maior número de trabalhadores, 6.252 trabalhadores, dispensou 37 no último ano, e o número de sucursais passou para 408 (menos 26).
No final de 2022, os cinco bancos totalizavam 25.247 trabalhadores e 1.879 balcões.