Portugal vai começar a ter maiores necessidades de financiamento a partir de 2025, sendo que o presidente do IGCP, o organismo que é responsável por gerir a dívida pública nacional, olha com maior preocupação para 2027.
Segundo disse Miguel Martín aos deputados da comissão parlamentar de orçamento e finanças, esta quarta-feira, 8 de fevereiro, a fotografia dos reembolsos nos próximos anos “é boa, comparada com os congéneres europeus”. O montante a financiar nos próximos 12 meses é 12% de toda a dívida, sendo que a cinco anos é 52%.
“A partir de 2027 temos um saldo grande, e já em 2025 e 2026 no que diz respeito às necessidades de refinanciamento de Obrigações do Tesouro, quando comparada com os anos transatos”, disse Miguel Martín.
No histórico recente, os reembolsos de dívida que têm acontecido rondam os 10 a 15 mil milhões de euros por ano. “Quando entrarmos em 2025 vamos adicionar 10 mil milhões a necessidades de reembolsos”, considerou o líder do IGCP, falando numa “montanha” desses reembolsos.
Por isso, o país terá de “entrar em programas que permitem suavizar perfil de reembolsos”, segundo assumiu Miguel Martín, sem entrar em pormenores.
Aliás, tal como referiu em relação às condições dos certificados de aforro, o presidente do IGCP defendeu que não há para já visibilidade sobre o aperto monetário e que isso limita as respostas a dar no imediato. Por exemplo, um “programa de recompra tem de atender ao que possa vir a ser a política” monetária do BCE e a sua agressividade.
Como gerir a dívida
Sobre a gestão da dívida pública, o líder do IGCP lembrou que vai aumentar no fim deste 2023 a almofada de liquidez que existir face às necessidades do ano seguinte, porque haverá um grande reembolso obrigacionista em fevereiro de 2024, e é preciso estar confortável para o caso de ocorrer alguma dificuldade em financiar-se na altura ou ter de pagar um custo muito mais elevado, segundo explicou.
Nesse sentido, Miguel Martín também disse que vai tentar “captar os financiamentos mais difíceis no início do ano”. “As emissões mais longas no início do ano permitem acautelar o programa de investimento dos bancos centrais”, continuou.
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