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Global Media: colaboradores externos vão receber, proposta do fundo para sair do capital ainda não foi entregue

Global Media: colaboradores externos vão receber, proposta do fundo para sair do capital ainda não foi entregue
RUI DUARTE SILVA

Enquanto se aguarda a saída do World Opportunity Fund do grupo que detém o Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e O Jogo, vai avançando a regularização dos pagamentos

Global Media: colaboradores externos vão receber, proposta do fundo para sair do capital ainda não foi entregue

Pedro Lima

Editor-adjunto de Economia

Os colaboradores externos da Global Media deverão receber esta sexta-feira os valores que estão em atraso, segundo informações obtidas pelo Expresso. Estes trabalhadores deveriam ter recebido a 10 de janeiro o valor correspondente a novembro. E têm a receber em breve o valor correspondente a dezembro.

Na terça e quarta-feira os trabalhadores dos quadros da empresa viram finalmente os salários de janeiro ser pagos, mas ficou por regularizar a situação dos trabalhadores a recibos verdes. O facto de já ter havido alguns pagamentos a estes trabalhadores relativos a novembro dificultou o processamento das remunerações, situação que terá sido finalmente regularizada esta quinta-feira. E sendo os pagamentos processados, só falta concretizar a transferência.

Fonte oficial da Global Media confirmou ao Expresso que “foram efetuados pagamentos a recibos verdes esta quinta-feira”.

As informações sobre a situação destas pessoas foram sendo contraditórias ao longo da semana. Alguns dos representantes dos trabalhadores tinham recebido a indicação de que a situação estava a ser regularizada, enquanto a outros foi dito que não havia qualquer indicação de quando isso poderia acontecer.

Já quanto aos subsídios de Natal, não há ainda qualquer indicação sobre quando serão pagos. No final do ano passado a administração do grupo tinha informado que esse subsídio seria pago em duodécimos ao longo do ano mas o pagamento do salário de janeiro, que foi feito esta semana, não incluiu esse valor.

A 2 de fevereiro, os quatro acionistas minoritários da Global Media Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira anunciaram um "princípio de entendimento" com um conjunto de investidores encabeçados pela empresa Officetotal ao abrigo do qual estava previsto o pagamento dos salários até dia 7 de fevereiro - o que aconteceu para os trabalhadores dos quadros - e referiam que estavam "a ser avaliados mecanismos para a regularização do subsídio de Natal".

Entretanto esta terça-feira foi assinado o memorando de entendimento com esses investidores, o que permitiu que houvesse uma transferência imediata de 1,5 milhões de euros para a empresa.

À espera que o fundo saia

A concretização do negócio com os investidores encabeçados pela Officetotal aguarda agora que seja formalizada a saída do World Opportunity Fund do capital da Global Media. Este fundo de investimento, considerado um fundo 'abutre', entrou no capital da empresa Páginas Civilizadas no final de julho, passando a deter em setembro a maioria do capital (51%), tendo os restantes 49% passado a ser controlados pelo empresário Marco Galinha, para o que conta com o apoio do empresário Mendes Ferreira. É a Páginas Civilizadas que detém a maioria da Global Media (50,25%), sendo que o restante capital está nas mãos de Kevin Ho (29,35%) e José Pedro Soeiro (20,4%).

A proposta do WOF para sair do grupo ainda não chegou às mãos de Marco Galinha, que tem, por via indireta, 17,59% da Global e tem representado os outros acionistas nas negociações. Espera-se que chegue até ao final da semana, apesar de o empresário, proprietário do grupo BEL, ter admitido em entrevista ao Público que poderia ter a proposta por escrito logo nesta segunda-feira. Mas o facto de o fundo ter vários subscritores não terá permitido que tenha chegado mais cedo.

Marco Galinha foi na segunda-feira da semana passada à Suíça falar com os representantes da Union Capital Group, sociedade que gere o fundo, para negociar um acordo de saída após semanas de impasse com acusações de incumprimento contratual e desrespeito de parte a parte. Depois, na terça, reuniu com representantes dos trabalhadores do grupo para lhes dar conhecimento dos esforços que estavam a ser feitos para resolver a situação. Não foi a primeira vez que teve reuniões com os representantes dos trabalhadores, tal já tinha acontecido a meio de janeiro.

O WOF já tinha apresentado a meio de janeiro uma proposta de saída que não foi aceite e que passava pela troca da sua participação na Páginas Civilizadas por alguns dos títulos e marcas do grupo – a TSF, o Diário de Notícias e o seu arquivo, o Açoriano Oriental, o Motor 24 e as marcas 24 Horas, Grande Reportagem e Tal & Qual. Mas isso pressupunha que os minoritários assumissem a dívida do grupo - o que estes não aceitaram.

A proposta casaria bem com a que foi feita e aceite pelos quatro investidores que chegaram a acordo para a compra de alguns dos títulos do grupo. Para já são conhecidos três desses investidores - a Officetotal Food Brands, grupo de produção e distribuição alimentar que detém a marca de bolachas Saborosa (antes conhecidas como Belgas), a Ilíria – Serviços de Consultoria e Gestão e a Parsoc – Investimentos e Participações. Ficarão com o Jornal de Notícias, O Jogo, JN História e as revistas Notícias Magazine, Evasões e Volta do Mundo, assim como com a maioria do capital da Sociedade Notícias Direct. A TSF também faz parte do acordo mas em face das propostas que têm surgido para compra da rádio, um cenário de compra e posterior venda não está afastado.

Se tudo correr bem, o negócio concretizar-se-á rapidamente com a criação de uma nova empresa pelos quatro investidores e para a qual serão transferidos as marcas e os trabalhadores. Diogo Freitas, líder da Officetotal, já referiu que será criada uma cooperativa de jornalistas à qual serão cedidos 9% do capital de modo a incentivar os trabalhadores a comprometerem-se com o sucesso da empresa, pois no caso de haver lucros e distribuição de dividendos eles também serão contemplados.

Depois há também a possibilidade de os atuais acionistas minoritários ficarem com uma participação na nova empresa.

Ficarão na Global os restantes títulos do grupo - nomeadamente o DN, Dinheiro Vivo, Açoriano Oriental e DN da Madeira. Para 19 de fevereiro está convocada uma AG extraordinária da empresa com o objetivo de se avançar para um aumento de capital de 5 milhões de euros.

Ainda se aguarda uma decisão da Entidade Reguladora para a Comunicação Social relativa ao procedimento administrativo aberto contra o fundo por falta de transparência da sua propriedade - que poderá não ser relevante neste processo caso o fundo acabe mesmo por sair pacificamente, como previsto. E Marco Galinha não retirou o procedimento cautelar de arresto no valor de 2,142 milhões de euros - dinheiro que alega ter colocado na empresa para pagar salários. Na terça-feira foram ouvidas testemunhas pelo que a decisão deverá ser anunciada em breve.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: PLima@expresso.impresa.pt

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