Indústria

Setor automóvel chinês acusa Comissão Europeia de "distorcer realidade"

Setor automóvel chinês acusa Comissão Europeia de "distorcer realidade"

Bruxelas reduziu as taxas sobre as importações de veículos elétricos chineses dos 37,6% máximos propostos em julho para 36,3%, mas esse ligeiro alívio não foi suficiente para travar as críticas da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis

A Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis acusou esta quarta-feira a Comissão Europeia de "distorcer a realidade" do setor automóvel chinês, após a instituição europeia ajustar a proposta de aumento das taxas sobre veículos elétricos oriundos do país.

A agência, citada pela televisão estatal CCTV, disse que as taxas alfandegárias punitivas impostas pela Comissão Europeia representam "um risco considerável para as operações e investimentos das empresas chinesas" no mercado europeu.

A mesma entidade expressou "forte insatisfação", alertando que a decisão pode "minar a confiança" das empresas chinesas nas suas operações na Europa, bem como "futuros investimentos" na região.

A Comissão Europeia reduziu as taxas punitivas sobre as importações de veículos elétricos chineses dos 37,6% máximos propostos em julho para 36,3%.

No entanto, aumentou ligeiramente as taxas sobre empresas não incluídas numa investigação de Bruxelas, mas que colaboraram na mesma.

Segundo a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis, a imposição destas taxas pode "afetar negativamente" o desenvolvimento do setor automóvel na Europa, bem como as "oportunidades de emprego" na região. A agência considerou também que a medida põe em causa os esforços para alcançar um "desenvolvimento verde e sustentável".

Os fabricantes chineses instaram o bloco europeu a concentrar-se em "manter um ambiente comercial justo" e "garantir a segurança da cadeia de abastecimento global" da indústria automóvel.

Em julho passado, Bruxelas propôs a imposição destas taxas sobre veículos elétricos oriundos da China, considerando, após uma investigação que durou vários meses, que a sua penetração no mercado europeu prejudica os produtores da União Europeia.

Nas palavras da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que anunciou a investigação há onze meses, os mercados mundiais estão a ser inundados "por veículos elétricos chineses mantidos artificialmente a preços baixos graças a enormes subsídios estatais".

A taxa máxima adicional de 36,3% para combater estas práticas comerciais consideradas "desleais" por Bruxelas, que será acrescentada à taxa habitual de 10% sobre os veículos elétricos chineses, aplicar-se-á à empresa chinesa SAIC e a todas as empresas que não colaboraram com a investigação.

As outras empresas incluídas no inquérito, a BYD e a Geely, ficariam sujeitas a taxas punitivas de 17% e 19,3%, respetivamente. Estes valores são ligeiramente inferiores aos propostos em julho (17,4% e 19,9%), na sequência de uma correção dos cálculos durante a fase de consulta com as empresas.

Os fabricantes chineses que colaboraram no inquérito, mas que não foram incluídos no mesmo, serão sujeitos a uma taxa de 21,3%, ligeiramente superior aos 20,8% sugeridos na primeira proposta.

A China apresentou este mês uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as medidas europeias e respondeu nas últimas semanas com investigações "antidumping" contra a carne de porco europeia.

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