Governo garante que maioria das empresas fornecedoras da Autoeuropa evitou despedimentos
Dos trabalhadores despedidos devido ao impacto da paragem da linha de produção da Autoeuropa, 329 recorreram ao IEFP e 48 já foram recolocados no mercado de trabalho
Três dias depois da retoma da produção na Autoeuropa, o Governo foi ao Parlamento explicar que, na sequência da paragem forçada a 11 de setembro, que afetou 30 empresas fornecedoras, entraram em contacto com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e com a Segurança Social 329 trabalhadores, dos quais 48 já foram recolocados no mercado de trabalho.
Esta informação foi adiantada por Miguel Fontes, secretário de Estado do Trabalho, que frisou ainda que a maioria das empresas afetadas se opuseram desde o início à “lógica dos despedimentos”, por terem a noção de que iriam ter enormes dificuldades em voltar a recrutar, assim que fosse necessário.
Miguel Fontes notou ainda que, no meio de toda a turbulência causada pela interrupção da produção, “alguns trabalhadores rescindiram os seus vínculos com a entidade empregadora e migraram para outros sectores de atividade.
Ao contrário das estimativas iniciais, que apontavam para uma paragem de nove semanas na Autoeuropa, os trabalhos foram retomados ainda que parcialmente já na passada segunda-feira, e espera-se que até ao final deste mês de outubro tudo volte ao ritmo normal.
30 empresas afetadas pela paragem da Autoeuropa
Pedro Cilínio, secretário de Estado da Economia, que também esteve esta quarta-feira no Parlamento, precisou ainda que, nas 30 empresas fornecedoras afetadas pela paragem da linha de montagem da Autoeuropa, em apenas 18 o impacto foi superior a 25% da respetiva atividade.
Este responsável adiantou que, assim que foi anunciada a paragem pela Autoeuropa, o Governo lançou de imediato o desafio à indústria nacional de componentes automóveis para tentar promover um cenário em que possa haver mais fornecimento a partir de Portugal, para evitar, tanto quanto possível, “disrupções futuras” .
No entanto, também frisou que, no grupo Volkswagen, como noutros, “as compras são centralizadas na Alemanha”, ou seja, não é a Autoeuropa, por si só, que pode tomar decisões nesta matéria.
Da parte do Governo, o secretário de Estado do Trabalho sublinhou que, assim que se formalizou o recurso ao lay-off, “os serviços da Segurança Social deferiram todos os processos em tempo ‘mais ágil”.
Se o problema é da Autoeuropa, “porque é que é a Segurança Social a financiar?”
Entretanto, o deputado do PCP, Bruno Dias, questionou “porque é que tem de ser a Segurança Social [através do regime de lay-off] a financiar esta paragem, quando deveria ter sido a empresa?”
Sobre os trabalhadores temporários, o mesmo responsável perguntou ainda aos membros do governo porque é que, sendo tão importantes – até porque já estão a ser novamente chamados -, “então porque é que não são contratados de forma efetiva para deixarem de ter vínculos precários?”
Ficou sem resposta às suas questões, e o secretário de Estado do Trabalho enfatizou o facto de o governo ter lançado recentemente um programa chamado ‘Qualifica Indústria’, que irá estar ativo até 31 de dezembro.
É um programa que “cria o quadro para, em períodos em que as empresas do sector verifiquem um decréscimo da atividade produtiva resultante de condições de mercado, imprevistas e fora da sua esfera de atuação, possa implementar projetos de formação sectoriais extraordinários e transitórios”, que contribuam para a modernização do sector industrial nas suas várias vertentes, aumentando as competências profissionais dos trabalhadores.