Um grupo de obrigacionistas da Efacec que fazem parte da associação Maxyield, que tem como missão defender pequenos acionistas, acusa o Governo de estar a criar um novo grupo de lesados.
E aconselha os obrigacionistas a chumbar a proposta de corte no montante de dívida a reembolsar, tema que será discutido numa assembleia geral agendada para dia 7 de agosto.
Em comunicado e como reação à convocatória publicada pela Efacec no site, a Maxyield aconselha os obrigacionistas a chumbar o corte de 50% da dívida que foi contraída para financiamento da Efacec em 2019, no valor de 58 milhões de euros, e cujo vencimento ocorre em 2024.
A associação diz ainda que esta proposta, de uma empresa na qual o Estado detém 71,73% do capital da Efacec, através da Parpública, prejudica “manifestamente o mercado de capitais português numa estratégia lesiva dos legítimos direitos dos seus credores privados”.
Diz ainda que a venda ao grupo alemão Mutares “não é credível”, além de gerar “uma nova geração de lesados em Portugal”.
Aos obrigacionistas pede-se corte de 50% e à banca de 80%
Este acordo com os obrigacionistas é uma condição para que a venda da Efacec se possa fazer, já que à banca também está a ser pedido um corte de cerca de 80% na dívida contraída.
Os bancos, sabe o Expresso, não deverão opor-se, desde que os outros credores, como é o caso dos obrigacionistas, também aceitem fazer um corte na dívida.
Para a Maxyield, esta reestruturação, que prevê um corte de 50% nos montantes devidos ao abrigo da emissão aos obrigacionistas, afeta não só a “confiança” como “o bom funcionamento do mercado de capitais”.
A associação, que recomenda o chumbo da proposta na AG de 7 de agosto, faz críticas à gestão da Efacec. “A gestão estatal da empresa nos últimos três anos foi verdadeiramente desastrosa, com a situação líquida da empresa a cair de 277 milhões de euros em dezembro de 2019 para -74 milhões de euros em abril deste ano, segundo dados da própria empresa”.
E também aponta para a redução do número de trabalhadores em mais de 600, alertando para "mais cortes pós-privatização nas mãos do fundo Mutares”.
Investimento de 15 milhões?
Em comunicado os obrigacionistas dizem que “este fundo apenas investirá 15 milhões de euros na Efacec, o que é manifestamente insuficiente para viabilizar a empresa”.
Até agora não tinha sido ainda avançado qualquer valor relativo ao negócio.
O ministro da Economia, António Costa Silva, tem sempre referido que os números finais da venda da Efacec ao fundo alemão Mutares ainda não estão "completamente apurados", reiterando que só vai falar de valores quando o processo estiver concluído. Fê-lo no passado dia 5 de julho, sublinhando que os mesmos "dependem da negociação com os credores, ou seja obrigacionistas e banca.
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