Indústria

Falta mão-de-obra? Temos de voltar à escola, diz a indústria do calçado

Falta mão-de-obra? Temos de voltar à escola, diz a indústria do calçado
UGO CAMERA

Sector do calçado selecionou 85 escolas nos concelhos onde esta indústria tem mais peso para tentar atrair as novas gerações para esta área de atividade

“De pequenino se torce o pepino”, diz um ditado popular que a indústria portuguesa de calçado decidiu seguir para tentar ultrapassar a falta de mão-de-obra que ameaça o futuro do sector à escala europeia nos próximos anos. E para o fazer, a associação APICCAPS lançou a iniciativa “Roteiro do Conhecimento”, direcionada para alunos do primeiro, segundo e terceiro ciclos.

“Até 2030, a indústria europeia da moda vai necessitar de 500 mil novos colaboradores. Os dados são da Comissão Europeia, [esta situação] afetará em particular países como Espanha, França, Itália e Portugal, e o diagnóstico [é] comum a outros setores. Consciente dessa realidade, a indústria portuguesa do calçado, através da APICCAPS, antecipa cenários futuros e está a empreender um “Roteiro do Conhecimento” pelas escolas, de modo a preparar as gerações do futuro e atrair uma nova geração de talento", afirma a associação do sector num comunicado sobre esta iniciativa.

O projeto, a desenvolver nos próximos três anos, selecionou 85 escolas de Felgueiras, Guimarães, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira e S. João da Madeira, onde a indústria está mais representada, para desenvolver iniciativas pedagógicas direcionadas aos três primeiros ciclos de ensino, procurando sensibilizar os jovens alunos para o potencial e novas áreas de trabalho numa indústria e, em especial, para o mundo dos sapatos.

Numa primeira fase, as iniciativas dirigem-se aos alunos do primeiro ciclo e “pretendem divulgar o potencial da indústria do calçado”, “valorizar o território e atividades locais” e “potenciar a indústria local”, explica a APICCAPS. A partir de setembro, aborda os alunos do segundo e terceiro ciclos.

Este “Roteiro do Conhecimento” enquadra-se no Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030, que pretende transformar a indústria de calçado na “referência internacional e reforçar as exportações portuguesas, aliando virtuosamente a sofisticação e criatividade com a eficiência produtiva, assente no desenvolvimento tecnológico e na gestão da cadeia internacional de valor, assim garantindo o futuro de uma base produtiva nacional, sustentável e altamente competitiva”, sublinha a associação.

“Continua a existir na sociedade um conjunto de estereótipos relacionados com os setores industriais que importa desmistificar. Ainda que não seja um problema exclusivamente português, há um trabalho de proximidade a desenvolver", fundamenta a APICCAPS, sublinhando que “as autarquias das zonas de forte concentração da indústria de calçado serão parceiras deste Roteiro do Conhecimento e desempenharão um papel relevante no desenvolvimento da programação pedagógica”.

“À medida que o setor evolui para novos patamares de exigência, aumenta igualmente a necessidade de contratação de colaboradores cada vez mais qualificados”, considera a APICCAPS. Por esse motivo, além do desenvolvimento de iniciativas em ambiente escolar e junto dos centros de formação, serão promovidas ações de rua e uma campanha em ambientes digitais mais próximos dos alunos”.

Com 40.730 trabalhadores, a fileira lusa do calçado criou 3259 postos de trabalho (+8,7%) em 2022, ano em que o cluster do calçado e artigos de pele exportou um recorde de 2347 milhões de euros (+22%), resultante de crescimentos em todos os segmentos da fileira. No que respeita aos sapatos, Portugal exportou 76 milhões de pares de calçado, no valor de 2009 milhões de euros, o que representa saltos de 10,5% em quantidade e 20,2% em valor comparativamente ao ano anterior.

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