A reagir à subida das taxas de juro, a carteira de crédito à habitação concedido em Portugal emagreceu ao longo dos primeiros dez meses do ano. Porém, em novembro houve uma subida, mas bastante ligeira.
Num universo de milhares de milhões de euros de crédito concedido, o aumento nos empréstimos para a compra de casa em Portugal foi de apenas 26 milhões de euros. Mas foi o suficiente para pôr um travão à tendência decrescente.
“O montante total de empréstimos para habitação era de 99,1 mil milhões de euros em novembro, o primeiro mês de 2023 em que se registou um incremento mensal”, segundo adianta o Banco de Portugal no comunicado em que revela estes dados (e em que mostra, também, o crescimento dos depósitos a prazo).
O ligeiro aumento do montante total do crédito à habitação surgiu depois de em outubro o Banco Central Europeu ter decidido parar a subida da taxa de juro da Zona Euro, deixando a principal taxa de referência em 4,5%. Foi a subida abrupta desta taxa que conduziu a um forte agravamento das Euribor e das taxas pagas nos créditos à habitação, que em Portugal sempre foram bastante associados ao indexante bancário, o que acabou também por conter o crescimento do volume de empréstimos.
Queda homóloga, contra crescimento na área do euro
Todavia, na comparação com o mesmo mês de 2022, há quebras no stock do crédito à habitação: novembro foi o quinto mês consecutivo a cair em termos homólogos, com uma carteira 1,1% mais pequena que em novembro do ano anterior, face à descida homóloga de 1% registada em outubro.
No conjunto da zona euro foi registada uma expansão ligeira, de 0,3%, a mesma taxa já registada no mês anterior e acima dos 0,2% alcançados dois meses antes.
É preciso recuar até abril do ano passado para encontrar uma distância desta dimensão entre a evolução portuguesa e a evolução do euro.
Consumo cresce mais em Portugal
Já o crédito ao consumo avança mais em Portugal do que no resto da união monetária que integra, e até intensificou o crescimento, quando na zona euro houve abrandamento.
“Os empréstimos ao consumo atingiram 21,1 mil milhões de euros, mais 0,1 mil milhões do que em outubro. Estes empréstimos aumentaram 3,8% em relação a novembro de 2022 (3,5% em outubro)”, segundo o Banco de Portugal.
Na zona euro, o crescimento homólogo do stock de empréstimos ao consumo foi de 2,6%, mais brando do que os 2,9% no mês anterior.
Crédito a empresas recua
Ao invés, o montante de crédito a empresas recuou em Portugal, seja na comparação em cadeia (com o mês anterior), seja na comparação homóloga (com novembro de 2022).
Conta o Banco de Portugal que “o montante de empréstimos concedidos pelos bancos às empresas totalizava 72,4 mil milhões de euros no final de novembro de 2023, menos 0,1 mil milhões de euros do que no final de outubro”. “Relativamente a novembro de 2022, o montante destes empréstimos decresceu 3,2% (-3,3% em outubro)”, continua o BdP.
Desde janeiro que há uma variação homóloga negativa em Portugal. Na zona euro, a carteira de empréstimos a empresas marcou uma evolução anual negativa pelo terceiro mês consecutivo, mas muito mais limitada que a nacional: taxa de -0,4%.
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