As taxas de juro dos novos créditos à habitação em Portugal estão estabilizadas na casa dos 4,2% desde junho passado. Há cinco meses que há avanços e recuos muito ligeiros, longe do agravamento registado nos meses anteriores.
Contam os dados publicados esta segunda-feira, 4 de dezembro, pelo Banco de Portugal que a taxa de juro média dos novos créditos à habitação fixaram-se, em outubro, em 4,23%, quando se encontrava em 4,25% no mês anterior. Em outubro de 2022, a taxa era de 2,86%.
A subida das taxas dos créditos à habitação arrancou quando as Euribor começaram, no início de 2022, a refletir uma potencial subida das taxas de juro de referência determinadas pelo Banco Central Europeu – isto porque, na altura, começava-se a sentir já em força a inflação elevada, e as subidas de juro são a forma de conter esse agravamento de preços.
Os créditos novos foram ficando mais caros, refletindo as Euribor mais elevadas, mas têm vindo a estabilizar. Isto porque a taxa de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE) está em 4,5%, sem que haja expectativa de novo agravamento (os dados da inflação até têm vindo a intensificar o debate monetário para o sentido inverso).
As taxas de juro dos novos empréstimos estão assim a estabilizar, mas ainda vai demorar um pouco na carteira já existente, tendo em conta que a revisão é feita quando são alcançadas as diferentes maturidades – Euribor a três, seis ou 12 meses, sobretudo.
Já as taxas dos depósitos não são automaticamente refletidas e os bancos foram demorando a sua atualização – e é por isso que agora ainda estão a subir em força, ao contrário dos créditos.
Mais caro que na Europa
A taxa de juro média dos novos créditos à habitação em Portugal, de 4,23%, fica acima da taxa de juro média da zona euro, situada em 3,97%.
Se em Portugal há já essa estabilização, na zona euro ainda tem havido um agravamento mensal, ainda que já não tão expressivo como em meses anteriores (estava em 3,93% em setembro).
Menos taxa variável
Os últimos tempos têm sido marcados por uma estabilização da taxa de juro, mas o tipo de taxa que está associada está a mudar. Se o país era marcado por taxas variáveis (indexadas à Euribor), agora essa é uma tendência deixada de lado.
“Em outubro, os novos empréstimos à habitação com taxa mista (isto é, empréstimos com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período em que a taxa de juro é variável) representaram 64% do total de novos empréstimos à habitação”, indica o Banco de Portugal.
A taxa variável existia em 29% dos novos créditos em outubro, abaixo dos 38% em setembro, e dos mais de 90% que eram registados nos anos de juros em mínimos.
Esta mudança que tem vindo a acontecer já está a mexer com a carteira existente (novos e antigos créditos à habitação): “O aumento do peso das novas operações a taxa mista tem-se refletido na alteração de composição do stock de empréstimos para habitação própria permanente. Entre janeiro e outubro de 2023, o peso do stock de empréstimos a taxa mista quase duplicou: passou de 7% para 13,3% do total do crédito para habitação própria permanente. Ainda assim, em outubro, os empréstimos a taxa variável continuavam a ser predominantes, representando 82,9% do total do crédito para habitação própria permanente”, diz o Banco de Portugal.