Perante a subida das taxas de juro, os portugueses pediram menos crédito à habitação e aumentaram as amortizações de créditos já existentes em agosto. Os bancos fecharam o oitavo mês do ano com 99,2 mil milhões de euros em empréstimos para compra de casa, um recuo de 100 milhões de euros face ao mês anterior. Desde dezembro de 2022 que o montante total tem vindo a diminuir de mês para mês.
Em relação a agosto do ano passado, o montante total caiu 0,4%, o que reflete “o aumento das amortizações antecipadas e o abrandamento na procura de crédito à habitação”, de acordo com dados do Banco de Portugal (BdP) divulgados esta quarta-feira, 27 de setembro.
Já no que toca aos empréstimos ao consumo estes cifraram-se nos 20,9 mil milhões de euros ao fim de agosto, mantendo-se estáveis face a julho e aumentando 3,6% na comparação com o mês homólogo.
Em relação ao crédito concedido às empresas, este foi de 73,2 mil milhões de euros ao fim de agosto de 2023, recuando 500 milhões de euros face ao mês anterior e caindo 2,7% relativamente a agosto de 2022.
“Por dimensão das empresas, as microempresas voltaram a registar uma taxa de variação anual positiva, enquanto as restantes tipologias (pequenas, médias e grandes empresas) apresentaram taxas negativas, com uma maior expressão nas grandes empresas (-8,4%)”, especifica o BdP.
“Por setor de atividade, as indústrias transformadoras, o alojamento e restauração e a eletricidade, gás e água foram os setores que mais contribuíram para o decréscimo em relação a 2022. Os setores das imobiliárias e da consultoria contrariaram esta evolução”, acrescenta o banco central.
Depósitos em queda
O montante total de depósitos regressou à trajetória de queda iniciada em dezembro do ano passado, motivada em grande parte pela migração para os Certificados de Aforro. Os particulares tinham nos bancos residentes 174,8 mil milhões de euros em agosto, uma queda de 0,8% (1,4 mil milhões de euros) face ao mês anterior. A tendência, de mês para mês, de recuo nos depósitos dos particulares só foi interrompida em junho, numa recuperação que continuou até agosto.
Se compararmos com os depósitos de agosto de 2022, a queda nos depósitos foi de 3,5%. O ritmo de redução dos depósitos de particulares, medido na comparação com 2022, tem aumentado paulatinamente desde março, o primeiro mês em que o stock de depósitos diminuiu efetivamente face ao ano anterior. Recuos numa altura em que os portugueses continuam a despender as poupanças acumuladas durante a pandemia; e à qual também não é alheia a migração, no primeiro semestre, para outras soluções de poupança mais vantajosas, como os Certificados de Aforro.
Isso contrasta com o que acontece na zona euro: os depósitos de particulares cresceram 0,4% em comparação com o mês de agosto do ano passado. Apesar de o ritmo de crescimento estar a diminuir, continuam a subir na comparação homóloga.
Os depósitos à ordem fecharam os primeiros oito meses do ano com uma redução de 8,7 mil milhões de euros, quando há um ano tinham aumentado 6 mil milhões. Esta fuga dos depósitos à ordem não se traduziu num aumento mais expressivo dos depósitos a prazo, que cresceram 1,1 mil milhões de euros, quando há um ano tinham aumentado em 2,6 mil milhões de euros.
No que toca aos depósitos das empresas, estes cresceram 1,9 mil milhões de euros em agosto para os 66 mil milhões de euros; e aceleraram a taxa de crescimento homólogo para os 2,2%, quando em julho tinham crescido 1,7%.
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