Não é propriamente uma surpresa, mas não houve consenso prévio: o IGCP, instituto público que gere a dívida pública e que é responsável pelos Certificados de Aforro, já tinha mostrado vontade de que os bancos passassem a comercializá-los, tirando o exclusivo dos CTT. O Ministério das Finanças tomou a decisão, só que os bancos não foram envolvidos na negociação. Um ónus que Fernando Medina coloca agora no sector bancário.
Na passada sexta-feira, o Governo decidiu eliminar as condições da série dos Certificados de Aforro que estava em venda, que pagava uma remuneração inicial máxima de 3,5%, abrindo uma nova série de Certificados em que esse juro máximo passa para 2,5% (mas sempre dependente da Euribor, pelo que é inferior se ela estiver em patamares mais baixos). Outra novidade é que os bancos passam a poder vendê-los.
O que parece ter surpreendido as instituições financeiras: “Os bancos não tiveram conhecimento prévio, quer da decisão sobre os Certificados de Aforro, quer do pretendido envolvimento dos bancos na sua venda”, diz ao Expresso a Associação Portuguesa de Bancos, liderada por Vítor Bento e que integra os grandes bancos nacionais.
Uma posição da banca que pretende também tirar de cima da mesa as acusações de que estão a ser favorecidos, já que João Moreira Rato, que preside ao Banco CTT mas que tem no seu passado a visão de ex-presidente do IGCP, tinha pedido numa entrevista à CNN para interromper a subscrição de Certificados - e porque torna um dos concorrentes dos depósitos menos atrativo (que, ainda assim, continuam a oferecer remunerações muito inferiores).
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