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Movimento cívico “Não TAP os Olhos” faz três apelos depois de relatório mostrar “gestão privada ruinosa”

Movimento cívico “Não TAP os Olhos” faz três apelos depois de relatório mostrar “gestão privada ruinosa”
NUNO BOTELHO

Grupo criado em 2014 aponta ao Ministério Público, Presidente da República, primeiro-ministro e ministro das Infraestruturas, considerando que o relatório da Inspeção-Geral das Finanças “confirma todas as denúncias” que foi fazendo

O movimento cívico “Não TAP os Olhos” lançou nesta terça-feira três apelos, na sequência da conclusão do relatório da Inspeção-Geral das Finanças sobre a empresa: pede ao Ministério Público para reabrir o processo de inquérito que arquivou em 2020, ao Presidente da República para convocar o primeiro-ministro de forma a garantir que o ministro das Infraestruturas “não continua a representar o Estado português” no processo de privatização e que este, caso avance, tenha “total transparência”.

Em reação ao documento que o Governo recebeu na semana passada e enviou entretanto ao Ministério Público, o movimento reitera em comunicado “tudo o que tem defendido desde 2014”, quando surgiu com o realizador António-Pedro Vasconcelos como mentor, perante o início da “operação ruinosa de privatização da TAP”. O grupo considera que o relatório “confirma todas as denúncias” que foi fazendo.

“A gestão privada foi ruinosa e a decisão de privatização permitiu que acionistas privados adquirissem a empresa, desbaratando o seu valor e através de garantias públicas concedidas pelo governo e pela Parpública, em 2015, eliminado qualquer risco para o investidor privado”, lê-se na nota.

O movimento defende que, caso se confirme que “anteriores membros do governo que privatizou a TAP conheciam e validaram estratégicas comerciais desleais e subreptícias por parte dos investidores que a adquiriram”, é necessário que Marcelo Rebelo de Sousa “exija explicações imediatas” a Luís Montenegro “quanto à manutenção em funções desse(s) membro(s) do atual governo”.

O “Não TAP os Olhos” salienta ainda estar “provado” que a TAP “é uma empresa rentável, quando bem gerida, e que os maiores grupos de aviação civil comercial a querem adquirir”. “O Estado português não pode prescindir de um lucro anual de 173 milhões de euros (com tendência para aumentar) que representa, num só ano, aquilo que ganharíamos com a venda de 19,9% à Lufthansa”, realça.

O relatório da Inspeção-Geral de Finanças conclui que a TAP foi comprada com o próprio dinheiro da empresa. O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, que à data da privatização em 2015 era secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações do governo de Pedro Passos Coelho, disse nesta terça-feira que o processo “foi dos mais escrutinados na democracia portuguesa”, garantindo que “nada há a esconder”.

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