Antonio Huertas, que esteve à conversa com um grupo de jornalistas portugueses, reafirmou na assembleia geral (AG) desta sexta-feira que Portugal é importante na estratégia do grupo e em 2023 registou um aumento dos prémios.
Pela primeira vez as contas anuais refletem já as novas normas contabilísticas internacionais (IFRS 17 e 9), que em Portugal já entraram em vigor. Segundo as novas normas, o resultado líquido consolidado passa de 692 milhões (normas em vigor em Espanha) para 677 milhões de euros.
A espanhola Mapfre tem 209 mil acionistas, dos quais a maioria são pequenos acionistas, com 13% do capital, a que se somam os acionistas institucionais, que representam 17% do capital, e a Fundação Mapfre, que detém 70%.
A Fundação Mapfre tem uma ação social e financeira nas várias geografias onde a seguradora atua, apoiando os mais desfavorecidos em áreas como educação, saúde, inclusão social, apoio a projetos de investigação, e a melhoria da qualidade de vida.
O plano estratégico 2024-2026 da Mapfre visa a continuação de crescimento nos mercados onde está presente, nomeadamente o Brasil, segundo maior mercado, depois de Espanha.
Em 2023, o Brasil cresceu 5,9% no que respeita a volume de prémios, mas os resultados disparam mais de 60%. Já Portugal e Espanha registaram o maior crescimento, mais 15,8% de prémios, mas os resultados caíram 3,9%.
Para a redução do lucro, entre outras coisas, contribuíram os eventos climáticos, cada vez mais frequentes. Para isso, Antonio Huertas não tem resposta, apenas antevê que os custos para os clientes terão de aumentar para cobrir riscos imprevísiveis, mas cada vez mais frequentes.
O grupo sublinha vários objetivos até ao final de 2026. Um deles é um crescimento médio de 6% do volume de prémios para mais de 32 mil milhões de euros nos próximos três anos.
O grupo quer também melhorar o retorno do capital (ROE) de 9% em 2023 para entre 10% a 11% em 2026, já com a introdução das novas normas de contabilidade, assim como "aumentar para 15 o número de países com pegada de carbono neutralizada", e "contar pelo menos com 95% da carteira total de investimentos avaliada com critérios ESG", critérios de sustentabilidade social, ambiental e empresarial, assim como "aumentar, no mínimo, para 34% a percentagem de mulheres executivas em 2024, com o objetivo de aumentar um ponto percentual cada ano. O gap remuneratório entre homens e mulheres estava em 2023 em 0,9%.
As preocupações vão também no sentido de inclusão da comunidade LGBT no universo Mapfre, ultrapassando discriminações e mantendo na campanha o conhecimento dos séniores, mantendo-os ativos.
O negócio digital continua a ser uma prioridade, tendo o número de clientes digitais ascendido a 2,4 milhões no mercado espanhol e português, e tendo este mercado tido, segundo os números facultados na assembleia geral, "um crescimento excecional", com mais 500 mil clientes digitais.
Acionistas interessados na Inteligência Artificial
Inteligência Artificial e aquisições foram os temas de algumas das questões colocadas pelos acionistas presentes. Sobre a Inteligência Artificial (IA), José Manuel Inchausti, vice-presidente do grupo, afirma: "estamos a trabalhar há vários anos em projetos de IA e hoje em dia esta ajuda-nos a clarificar, a segmentar riscos e análises sobre as nossas carteiras, na luta contra a fraude entre outras matérias". Adiantando que a Mapfre está a fazer grandes transformações, não para reduzir trabalhadores, mas para que estes se dediquem a outras tarefas como dar apoio aos clientes, melhorando a qualidade de serviço.
O mesmo responsável referiu ainda que sobre compras o grupo está a crescer organicamente, mas se oportunidades surgirem olhará para as mesmas.
Antonio Huertas afirmou que "a situação da empresa é muito sólida, o nível de endividamento é baixo e a solvência é muito elevada. Crescemos e cresceremos com rentabilidade".
“Proteger o interesse dos acionistas e garantir a sustentabilidade a longo prazo” são os objetivos finais, sublinha o presidente executivo do grupo.
O rácio de solvência que em 2023 ficou nos 198,1% e deverá ascender a 200% até 2026. E o pagamento de dividendos continuará a ser superior a 50% dos lucros gerados.
O Expresso viajou a Madrid a convite da Mapfre.