O presidente executivo da Mondelez, que detém a Milka e outras marcas conhecidas, afirmou que os investidores não se preocupam moralmente com o facto de as empresas continuarem a fazer negócios na Rússia e que os próprios acionistas da empresa não pressionaram a empresa a abandonar o país após a invasão da Ucrânia.
Em entrevista ao “Financial Times”, Dirk Van de Put admitiu que os investidores “não se preocupam moralmente” com a permanência do grupo em território russo. “Se tivéssemos um negócio importante na Rússia, o impacto na empresa seria enorme, e isso tornar-se-ia uma discussão diferente”, acrescentou.
A Mondelez é dona dos chocolates Milka e Toblerone, das bolachas Oreo, Tuc e Chips Ahoy!, do queijo Philadelphia, das gomas Sour Patch, dos rebuçados Halls e outras tantas marcas conhecidas dos nossos supermercados.
O negócio russo representou 2,8% das receitas globais em 2023, o que compara com 4% em 2022.
"Não houve nenhuma pressão dos acionistas" para sair do país, disse Van de Put. Entre os maiores accionistas da Mondelez contam-se a Vanguard, a BlackRock e o Capital Group. Os três recusaram-se a fazer comentários ao jornal.
As leis norte-americanas indicam que os gestores de ativos devem dar prioridade aos resultados financeiros para os investidores e não às preocupações morais, e as receitas da Mondelez na Rússia estão muito abaixo do limiar de 5% que é considerado uma referência para questões materiais. Mas as críticas por parte de consumidores e de grupos ucranianos chegam na mesma, tal como atingiram outras empresas que continuaram a fazer negócios na Rússia, incluindo a Nestlé e a Unilever.
Van de Put defendeu a decisão da sua empresa de continuar a operar no país, afirmando que os que saíram deixaram os seus ativos a "amigos" de Vladimir Putin. Na sua ótica, estes gerem agora mais dinheiro para os cofres da Rússia do que os impostos que a Mondelez paga no país.
A Mondelez emprega 2700 pessoas na Rússia, em três fábricas, e 10.000 agricultores indiretamente.
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