Depois de um ano de 2022 em que a Navigator alcançara vendas recorde, beneficiando da escassez de papel e de pasta nos mercados internacionais, o ano seguinte já foi de correção num contexto diferente, com preços mais baixos e menos encomendas de clientes. A papeleira portuguesa concluiu 2023 com um lucro de 274,9 milhões de euros, menos 30% do que no ano anterior, anunciou esta terça-feira ao mercado.
Foram a "fortíssima contração da procura a nível internacional”, nas palavras da empresa portuguesa, a par da queda dos preços da pasta, a provocar uma queda de 20,7% das receitas da Navigator em 2023 para 1,95 mil milhões de euros; ainda assim, o segundo maior resultado da história da Navigator depois daquele que foi registado em 2022.
O segmento de papel para uso higiénico (tissue, no jargão da indústria) vendeu mais 49% do que em 2022, ajudando a compensar as quebras de 32% na venda de papel. As vendas de pasta, por sua vez, cresceram 26%.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA no acrónimo em inglês) caiu, por sua vez, 31,9% para os 501,5 milhões de euros.
Queda da procura penaliza
O ano de 2022 - em particular o primeiro semestre - foi marcado por subidas dos preços do papel originadas pela falta de oferta. A Navigator registava então um grande número de encomendas de clientes que queriam aprovisionar-se num contexto de escassez, um “momento único" no setor.
Em 2023, normalizadas que estão as cadeias de abastecimento e com uma diminuição forte dos custos energéticos e de algumas matérias-primas, os preços de referência do papel e da pasta caíram. Ainda aprovisionados, os clientes reduziram as suas compras e a procura ressentiu-se, caindo para mínimos.
“O 1.º semestre foi marcado por uma forte redução de preços de referência de pasta, face a máximos históricos atingidos em 2022, com quebra de procura, nomeadamente na Europa” e pela “redução lenta dos stocks de papel de impressão e de embalagem acumulados ao longo de 2022 em toda a cadeia de distribuição”, elenca a Navigator no comunicado enviado esta terça-feira, 20 de fevereiro, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
“Consequentemente, verificou-se um nível de entrada de encomendas historicamente baixo nesses segmentos, observando-se a partir do 3.º trimestre uma melhoria, mais evidente no 4.º trimestre, acompanhando a normalização dos stocks”, acrescenta.
O papel tissue, “com cadeias de abastecimento mais curtas e por isso com menor tendência para acumular stocks, manteve um desempenho bastante mais positivo, beneficiando também do aumento da quota de mercado e sinergias positivas com a integração da nova fábrica de tissue em Saragoça”, diz a Navigator.
“A flexibilidade operacional da Navigator permitiu produzir mais pasta, no quadro de abrandamento da produção de papel e colocar essa produção acrescida nas geografias com procura mais saudável em 2023. Também no negócio papel de impressão e escrita e embalagem, um rigoroso planeamento de produção permitiu gerir níveis de produção e stocks adequados o que, associado a uma gestão responsável de preços e margens, permitiu proteger os resultados operacionais”, explica.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: pcgarcia@expresso.impresa.pt