Os lucros da Navigator mais do que duplicaram em 2022 para os 392,5 milhões de euros, beneficiando do aumento dos preços do papel nos mercados internacionais, segundo comunicado da empresa produtora de papel e pasta de papel desta quinta-feira, 16 de fevereiro.
À Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários, a Navigator deu conta de uma subida dos lucros de 129% para os 392,5 milhões de euros, face a 171,4 milhões de euros no ano precedente.
As vendas cresceram 54,4%, de 1596 milhões de euros em 2021 para 2465 milhões de euros no ano seguinte. As receitas nunca antes na história da Navigator tinham ultrapassado a barreira dos dois mil milhões de euros, refere.
Os lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA no acrónimo em inglês) duplicaram, crescendo 107,6% para os 736,4 milhões de euros. Em 2021, tinham sido de 354,7 milhões de euros.
O volume de produção aumentou, em 2022, em todos os produtos da Navigator face ao ano anterior: o segmento de pasta de papel viu a produção crescer 3%; no do papel, o crescimento foi de 4%; e no de tissue, que inclui papel de uso doméstico e higiénico - a produção cresceu 1%.
O crescimento em volume das vendas de papel foi de 2% para as 1499 mil toneladas - com variações de -13% na pasta, que caiu para as 255 mil toneladas e de -4% no segmento tissue, com 102 mil toneladas vendidas. E, nos pacotes para encomendas, “apesar do contexto macroeconómico desfavorável” a empresa duplicou as vendas de 2021.
Variações heterogéneas compensadas pelos preços recorde nos mercados internacionais: o índice de referência de pasta de fibra curta na Europa alcançou “níveis historicamente altos”, nos 1380 dólares por tonelada, “valor no qual permaneceu desde o início de agosto até ao final do ano (21 semanas consecutivas), apresentando um crescimento de 21% em relação ao início do ano. Por sua vez o preço médio de 2022 situou-se 26% acima do preço médio registado em 2021”, exemplifica.
No papel para escritório, o índice de referência “no final de dezembro situava-se em 1331 euros por tonelada, que compara com 976 euros por tonelada registado no início do ano e o preço médio do índice em 2022 cresceu 44%, face a preço médio de 2021", detalha. “A evolução do preço de venda ao longo de 2022 coloca o preço de venda médio do ano acima do registado em 2021 (+55%).”
Num ano marcado pelo rescaldo da crise pandémica, que perturbou as cadeias de abastecimento mundiais; pela intensificação da inflação; e pelo início de um novo foco de perturbação - a guerra na Ucrânia - criavam-se assim condições para “escassez de oferta papeleira na Europa na primeira metade de 2022”, um “momento único” no sector.
“Esta situação de sub-oferta, a par com o aumento significativo de custos de produção e logística, contribuiu para que a carteira de encomendas nos produtores e os tempos de entrega atingissem níveis historicamente elevados e para que se verificasse um aumento generalizado de preços de todos os papéis gráficos”, segundo o comunicado da empresa portuguesa.
“Na segunda metade do ano, os receios de abrandamento económico levaram a uma súbita redução da procura aparente, num momento em que os stocks ao longo de toda a cadeia de distribuição estavam bastante elevados e em que se assistiu a uma regularização relativamente rápida das cadeias logísticas”, prossegue.
“A redução deste stock acumulado demorará mais ou menos tempo em função da evolução da procura, nomeadamente na Ásia, da velocidade de regularização das cadeias de fornecimento e da logística, bem como de um maior ou menor abrandamento económico”, acrescenta.
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