Empresas portuguesas estão mais pessimistas para as exportações deste ano
As empresas portuguesas prevêem um crescimento menor das exportações em 2023, perspetivando abrandamento ou até contração económica nos países de destino
As empresas portuguesas prevêem um crescimento menor das exportações em 2023, perspetivando abrandamento ou até contração económica nos países de destino
Jornalista
As empresas portuguesas estão mais pessimistas em relação ao crescimento das exportações para 2023. O inquérito às expectativas das empresas do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgado esta sexta-feira, 28 de julho, revê em baixa o aumento das exportações previsto pelas empresas.
Na totalidade do ano 2023, os empresários prevêem agora um crescimento nominal - isto é, a preços correntes, não ajustados à inflação - de 0,5%, menos 0,6 pontos percentuais face o que esperavam no último inquérito, de dezembro de 2022.
No que toca às exportações para países da União Europeia (UE), as empresas portuguesas esperam agora que cresçam 1,2%, menos 0,5 pontos percentuais em relação à previsão anterior. Para fora da UE, se em dezembro já previam um recuo ligeiro, agora antecipam uma queda mais forte, na ordem dos 1,2%, uma revisão em baixa de 0,9 pontos percentuais.
“O desempenho menos positivo do que o esperado nos mercados de destino das suas exportações é o principal motivo apresentado pelas empresas para esta revisão em baixa, com impacto em mais de metade das empresas respondentes (56,4%)”, acrescenta o INE.
As tendências entre os diferentes setores são díspares, reforça o INE: “As perspetivas das empresas para a evolução das suas exportações de bens em 2023 diferem entre os vários setores de atividade, sendo, em alguns casos, esperados aumentos em resultado de acréscimos de preços. Há também situações em que é esperada uma redução, decorrente da previsão de contração da procura e de paragens programadas ou descontinuidade de linhas de produção, em resposta às condições de mercado, a potenciais disrupções nas cadeias de valor global e a aumentos dos custos dos fatores de produção”.
“As alterações de preços não determinadas por flutuações cambiais foram referidas por 5,1% das empresas, como uma das principais razões para a revisão da 1.ª previsão”, acrescenta.
O setor com maior revisão em baixa das perspetivas de exportação foi o de “material de transporte e acessórios”, que espera agora uma subida de 3,9%, menos 2,3 pontos percentuais face à anterior previsão.
Mesmo assim, e continuando na divisão por categorias económicas, as empresas da categoria “máquinas, outros bens de capital (exceto o material de transporte) e seus acessórios” estão mais otimistas, com uma revisão em alta de 1,1 pontos percentuais face às perspetivas de dezembro de crescimento das exportações: agora, preveem fechar 2023 com uma subida de 9,3% das vendas para o exterior.
Também mais otimistas, as empresas da área de “fornecimentos industriais” contam agora exportar mais 0,4% em 2023, numa revisão em alta das suas perspetivas de dezembro de 1,5 pontos percentuais.
As empresas de grande dimensão, ou seja, aquelas com mais de 250 funcionários - 14% do total de empresas analisadas pelo INE - são as únicas que prevêem uma redução das exportações em 2023, na ordem dos 1,7%, o que contrasta com o crescimento de 0,5% previsto na totalidade das empresas inquiridas.
“As restantes empresas” além das de grande dimensão “esperam aumentos superiores ao do total das empresas, +3,5% nas médias (51% das empresas analisadas), +3,7% nas pequenas (28%) e +3,2% nas micro (7%)”, especifica o INE.
“As empresas integradas em grupos económicos, supostamente mais expostas à instabilidade da economia a nível mundial, prevêem um decréscimo das suas exportações em 2023 (-0,5%), enquanto as empresas não pertencentes a um grupo económico perspetivam um aumento (+3,1%)”, detalha o INE.
Por idade, as empresas seniores antecipam um recuo de 1,1% das exportações em 2023, e as jovens de 7,4%; ao passo que as empresas adultas prevêem que cresçam 8,7%.
Por habilitações dos trabalhadores, as que têm uma maioria de profissionais licenciados, com mestrado, ou doutoramento, dizem esperar que as exportações aumentem 6,5% em 2023, muito acima do ritmo previsto para a totalidade dos inquiridos; ao passo que as restantes preveem fechar o ano com menos 0,8%.
“No que respeita às empresas por tipo de tecnologia, as classificadas em setores de baixa e média baixa tecnologia antecipam um crescimento mais significativo (+1,2%) do que as de alta e média alta tecnologia (+0,5%), a que não será alheio o impacto negativo do aumento dos preços das matérias-primas e dos produtos energéticos, em especial nos setores de atividade mais intensivos em tecnologia”, avança o INE.
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