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"Privatização dos CTT foi uma péssima ideia", diz ministro das Infraestruturas

"Privatização dos CTT foi uma péssima ideia", diz ministro das Infraestruturas
Ana Baiao

João Galamba acha que privatizar os CTT foi uma “péssima ideia”, mas que não se deve voltar a nacionalizar. Nas telecomunicações, Galamba quer aguardar antes de alterar a lei

O ministro das Infraestruturas considerou esta terça-feira que “privatizar os CTT foi uma péssima ideia”. João Galamba falava numa audição da Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, pedida pelo PCP a propósito do aumento de preços das telecomunicações e do serviço postal prestado pelo CTT.

Após Jorge Mendes, deputado social-democrata, ter referido que o preço deveria também refletir a qualidade do serviço e que tal deveria ser questionado, João Galamba sublinhou que “privatizar os CTT foi uma péssima ideia”.

“Está privatizado, o mal está feito, não faz sentido nacionalizar. Tenho essa posição e o meu antecessor [Pedro Nuno Santos] também, pois avaliou as condições e os custos eram maiores que os benefícios”, afirmou.

Adicionalmente, o governante indicou que "agrada ao Governo a atual estratégia dos CTT", liderada por João Bento, que é diferente da anterior, referindo que esta visa valorizar a capilaridade ao invés da política de encerramento de lojas da anterior. "Em 2023 não estamos em 2018, nem em 2019, e não é só porque o tempo passou, é porque a administração e a estratégia dos CTT mudou", começou por dizer o ministro, respondendo ao PSD.

Ou seja, "a estratégia da atual administração dos CTT em 2023 não tem nada a ver com a estratégia da administração" anterior, prosseguiu Galamba. A anterior administração era liderada por Francisco de Lacerda, que renunciou aos cargos nos Correios de Portugal em maio de 2019.

Uma estratégia que "calha não ser da atual", que é de "valorização dessa capilaridade", reabrindo postos que tinha encerrado, disse, reforçando que o Governo está “satisfeito com essa mudança”.

Telecom mais difíceis de regular que energia

Na mesma audição - em que se tem debatido, além da subida de preços das telecomunicações, a fidelização dos contratos e os seus modelos - Galamba referiu que este é um “setor mais difícil de regular” do que, por exemplo, o setor da eletricidade.

De qualquer modo, o ministro considera “prudente aguardar” pelo comportamento do mercado antes de fazer alterações à lei das comunicações eletrónicas, que reduziu os encargos com o fim da fidelização antecipada, uma vez que esta só foi alterada em agosto do ano passado. Nomeadamente, o ministro quer esperar antes de eventualmente diminuir o período máximo de fidelização nas telecomunicações.

No mês passado, a Anacom, o regulador das comunicações, propôs ao Governo a diminuição do prazo das fidelizações nas telecomunicações de 24 para seis meses, com o intuito de “promover a redução dos preços”. Mas Galamba diz que, nos casos europeus em que tal aconteceu, a descida dos preços não foi comprovada.

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