O mercado de trabalho em Portugal resistiu à degradação da conjuntura económica no último verão, com a taxa de desemprego no terceiro trimestre a manter-se nos 6,1%, inalterada face aos três meses anteriores, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta quarta-feira.
Ainda assim, ficou ligeiramente acima dos 6% observados um ano antes, no terceiro trimestre de 2022.
O valor de 6,1% para a taxa de desemprego no terceiro trimestre fica abaixo das estimativas mensais do INE para os meses correspondentes, que se situaram em 6,4% em julho e agosto, subindo para 6,5% em setembro.
Recorde-se, contudo, que essas estimativas mensais são ajustadas do efeito da sazonalidade, o que não acontece com os números trimestrais publicados pelo INE. Ora, o terceiro trimestre corresponde ao verão, uma época do ano onde a sazonalidade joga a favor do mercado de trabalho português, até por causa da época alta no turismo.
Apesar de a taxa de desemprego se ter mantido inalterada no terceiro trimestre, o número de desempregados contabilizados pelo INE nesse período atingiu as 326,1 mil pessoas. O que significa um aumento de 0,5% (mais 1,4 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior, e um incremento de 4,4% (mais 13,7 mil pessoas) relativamente ao homólogo, ou seja, o terceiro trimestre de 2022.
Quanto à subutilização do trabalho, abrangeu 620,9 mil pessoas no terceiro trimestre, segundo o INE. Isto significa um decréscimo de 0,5% (menos 3,4 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e um acréscimo de 1,7% (mais 10,2 mil pessoas) relativamente ao período homólogo.
A taxa de subutilização do trabalho, estimada em 11,3%, diminuiu trimestralmente (menos 0,1 p.p.) e manteve-se inalterada em termos homólogos.
A subutilização do trabalho é um conceito que traduz o desemprego em sentido lato, já que abrange não apenas as pessoas classificadas como desempregadas pelo INE, mas também os trabalhadores a tempo parcial que gostariam de trabalhar mais horas, os inativos disponíveis para trabalhar mas que não procuraram ativamente um posto de trabalho (chamados ‘desencorajados’), e os inativos que procuram emprego mas não estavam disponíveis no imediato para aceitar uma colocação.
Emprego ultrapassa os 5 milhões de pessoas
Ao mesmo tempo, o emprego em Portugal voltou a aumentar, com o número de pessoas empregadas no país a ultrapassar a fasquia dos 5 milhões de pessoas.
Os dados do INE indicam que no terceiro trimestre deste ano a população empregada no país atingiu 5,016 milhões de pessoas. Número que significa um aumento de 0,5% (mais 26,8 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior, e de 2,2% (mais 109,2 mil pessoas) relativamente ao trimestre homólogo de 2022.
Mais ainda, é o valor mais elevado de toda a atual série de dados trimestrais do INE, que começa em 2011.
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