
Na cidade dos motores, os carros elétricos são simultaneamente uma ameaça aos postos de trabalho e uma oportunidade de negócio para quem aposta em carros elétricos e inteligência artificial. Visita ao coração da América
Na cidade dos motores, os carros elétricos são simultaneamente uma ameaça aos postos de trabalho e uma oportunidade de negócio para quem aposta em carros elétricos e inteligência artificial. Visita ao coração da América
Saimon Sá está à espera de um avião, mas é da indústria automóvel que está habilitado a falar. “Para um emigrante com conhecimentos técnicos, Detroit oferece muitas chances”, diz enquanto espera pelo voo que o há de levar de Boston para a capital dos motores.
A crise de 2008, que levou Chrysler, GM, e Stellantis ao tapete não tem eco nas palavras do engenheiro brasileiro de 38 anos, que desenha para-choques numa empresa de origem francesa. Os olhos brilham com o potencial “maravilhoso” dos carros elétricos que prometem vida nova à indústria de Detroit, até que chega a hora de falar da baixa, digna mas vazia, como num cenário de Hollywood sem figurantes e atores, mesmo nas tardes solarengas. “Dizem que é perigoso”, admite, sem deixar de notar na revolução tecnológica em curso: “Mas esta é cidade em que qualquer pessoa quer estar neste sector”.
Pelas notícias dos últimos dias, fica a ideia de que há, pelo menos, 150 mil operários que fazem uma análise diferente da vida que levam nesta cidade do Midwest que é uma fiel representante da denominada cintura da ferrugem.
Na passada sexta feira, o sindicato dos Trabalhadores Unidos da Indústria Automóvel (UAW, na sigla em inglês) concretizou a ameaça que já vinha fazendo nos últimos meses com o início de uma greve que, sendo faseada, é a primeira em 88 anos a afetar, em simultâneo, Ford, GM e Stellantis, empresa que descende da fusão entre Fiat Chrysler Automobiles e PSA Group.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: senecahugo@gmail.com