Imobiliário

Governo mais perto da próxima vitória: o fim da contribuição extraordinária do alojamento local

Secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte
Secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte
RUI DUARTE SILVA

PAN disse claramente que acompanhava a proposta do Governo e a direita lembrou que já era contra a medida imposta pelo anterior executivo

O Governo levou, esta quinta-feira, ao Parlamento, a sua proposta de autorização para implementar a revogação da contribuição extraordinária do alojamento local (CEAL), uma medida que tinha sido implementada pelo anterior executivo socialista no programa ‘Mais Habitação’. Com a direita desde sempre contra a medida, o executivo aproxima-se da sua próxima vitória numa composição minoritária.

À semelhança do que fez com a isenção de IMT e imposto de selo para os jovens, o Governo pediu as três votações (generalidade, especialidade e final) numa só, ou seja, se na sexta-feira a votação der ‘luz verde’ ao executivo, dispensa-se a discussão na comissão em detalhe e, assim, o Governo de Luís Montenegro pode aprovar o decreto-lei relativo à revogação da CEAL.

Segundo o documento apresentado na Assembleia da República, o Governo quer “revogar a CEAL e a fixação do coeficiente de vetustez aplicável aos estabelecimentos de alojamento local para efeitos da liquidação do Imposto Municipal sobre Imóveis [IMI], bem como facilitar a mobilidade geográfica, através de medidas em sede de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares”. No caso das medidas ligadas ao alojamento local, o executivo refere que “tais medidas restritivas limitam os direitos de propriedade, bem como a iniciativa económica privada".

Os deputados do PSD e da AD, como seria de esperar, defenderam e elogiaram o Governo - por trazer esta medida ao Parlamento, mas não foram os únicos. A deputada única do PAN, Inês Sousa Real, disse que o seu partido “acompanha” a medida e, apesar de concordar com muito do que a esquerda referiu no Parlamento, considera que a taxa que está para ser revogada é “injusta”.

Os deputados do Chega que intervieram no Parlamento mostraram ser contra a medida que estava inscrita no ‘Mais Habitação’ e Filipe Melo disse, inclusive, que foram o único “partido a defender desde o início ao fim o alojamento local”.

Do lado da Iniciativa Liberal, Carlos Guimarães Pinto, mostrou estar do lado dos proprietários de alojamento local, referindo que estes não causaram a crise de habitação que se vive e que foram responsáveis por ajudar “a recuperar as cidades” e a criar emprego. “Fala-se muito do peso do alojamento local, mas representa apenas 2% da habitação do país” disse, antecipando-se às críticas da esquerda, que não tardaram em chegar.

Esquerda é contra

Ao longo do debate os socialistas defenderam a sua posição do pacote ‘Mais Habitação’ com a crise habitacional vivida nos dias que correm: “Temos um problema de habitação sério em Portugal e não podemos dar estímulos descontrolados ao alojamento local e os senhores deputados sabem disso”, acusou o deputado Carlos Pereira.

Do Livre, a deputada Isabel Mendes Lopes, respondendo à IL, sublinhou que o problema do alojamento local não é o peso no país, como um todo, mas sim da sua concentração nas grandes cidades. Dando Lisboa como exemplo, a deputada indicou que, apesar de haver outros fatores que entram na equação, “a concentração do alojamento local e da atividade hoteleira têm impacto [nos preços] no mercado imobiliário”.

Marisa Matias, do BE, indicou que são precisas “propostas concretas que permitam conjugar o alojamento local com o direito à habitação”. Na ótica da deputada bloquista, a regulação desta atividade é necessária e deixou o aviso: “no dia em que os centros das cidades forem apenas postais turísticos acabou-se o turismo”.

Do lado do PCP, apesar de também não serem a favor da CEAL, António Filipe indicou que não acompanham a proposta do Governo. “O centro de Lisboa é uma evidência de que o excesso de alojamento local e atividade turística contribui para que muitos cidadãos não possam ter uma habitação”, disse, acrescentando, contudo, que esta atividade “pode ter importância do ponto de vista de dinamização económica” noutras regiões.

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