Imobiliário

FMI aponta para redução do impacto dos juros nos preços da habitação em Portugal

FMI aponta para redução do impacto dos juros nos preços da habitação em Portugal
José Fernandes

Segundo o FMI, antes a subida dos juros abrandava as economias e os seus mercados de habitação, mas agora as economias continuam a crescer e “os preços dos imóveis residenciais ainda estão muito acima dos níveis pré-pandémicos”. Em algumas economias os preços já estabilizaram ou até caíram, mas noutras não, como em Portugal

Um estudo divulgado na segunda-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra que a subida dos juros passou a ter um impacto menor nos preços da habitação em comparação com anteriores crises. Portugal é um exemplo claro do que acontece, onde os preços das casas continuam a subir, apesar de estarem a descer em algumas zonas da Europa. Mas, segundo o FMI, tudo depende das características do mercado.

O FMI começa por lembrar que “na viragem da década de 2010” o aperto monetário feito pelos bancos deu “frutos”, diminuindo o endividamento e ajudando a economia. Mas agora, o impacto desse aperto não é tão visível, e uma grande parte das economias tem-se mostrado resiliente, assim como os seus mercados de habitação.

Segundo o FMI, a pandemia trouxe um rápido crescimento dos preços das casas, sendo que em alguns países já eram bastante elevados, fruto das taxas de juro baixas (ou até negativas, como era o caso europeu), mas agora, mesmo com a subida dos juros a nível global, “os preços dos imóveis residenciais ainda estão muito acima dos níveis pré-pandémicos”. Em algumas economias os preços já estabilizaram ou até caíram, mas noutras não, como em Portugal.

“Os preços da habitação cresceram frequentemente mais depressa do que o rendimento, reduzindo a acessibilidade e levando os potenciais compradores a arrendar. Este facto, combinado com a diminuição da construção nova, fez aumentar as rendas em muitos países”, lê-se no estudo.

De recordar que, segundo os mais recentes dados do Eurostat, os preços das casas no mercado português subiram 7,8% no último trimestre do ano passado, em relação ao mesmo período de 2022, a quinta maior subida da União Europeia. Por outro lado, na zona euro os preços das casas até já caíram 1,1%.

De acordo com o FMI a subida dos juros levou a um aperto no mercado de crédito, mas os preços das casas continuam a aumentar, não só em Portugal, mas também nos Estados Unidos, Hungria e Irlanda por exemplo. E porquê? “Entre os fatores que contribuíram para tal contam-se uma maior procura pela taxa fixa, limites LTV [rácio entre o valor financiado e o valor do imóvel] mais restritivos, menor endividamento, saída de zonas densamente povoadas”, refere o estudo.

Noutros países, como o Canadá, o Chile e o Japão, tem-se assistido ao oposto, a “um fortalecimento da transmissão da política monetária” ao setor da habitação, que está a ser “impulsionada” por uma menor procura pela taxa fixa, “um aumento do endividamento e uma oferta de habitação mais limitada”.

O FMI refere ainda que “o aumento anual dos custos do serviço da dívida hipotecária [do crédito à habitação] em relação a meados de 2022 varia significativamente na área do euro, desde Portugal, com 1,2% do PIB [o valor mais alto], até Malta, com praticamente zero”.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: rrrosa@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate